A dor do avô, a perda do vizinho, o luto do primo, a bala perdida que ceifou mais uma vida, o acidente estúpido no fim da balada regada a vodca que capotou para sempre o futuro de cinco jovens. Indiferentes, mudamos de fase no game, frenéticos, disparamos um WhatsApp ou, bocejando, trocamos o canal.
Anestesiados, ouvimos as tragédias ao nosso redor enquanto um bocejo escapa, numa preguiça pós-prandial. O desinteresse por tudo e por todos vai se espalhando tal qual a peste negra na Idade Média. Com uma diferença, naquela época ainda havia uma esperança chamada fé, que nos tempos atuais anda em baixa entre os mais jovens. Depois da vida, o nada. O problema é que a própria existência tem sido muito próxima de um nada. Então, azar de nós.
Será que a emoção está tão em desuso, por estarmos cada vez mais racionais, frios, tecnológicos, rápidos, desimportantes ou descartáveis? Ou tímidos, individualistas e autossuficientes? Só espero que não seja efeito da artificialização dos sentimentos pela bebida, pelas drogas e pelas medicações. Sim, no fundo sei que uma das vertentes da evolução humana é uma hipertrofia cerebral na área cortical, que nos tornará lógicos, matemáticos, insensíveis, em detrimento da área hipotalâmica, sede do estresse e das emoções.
Seremos mais máquina e menos animais. Mais equações, menos paixões. Vivemos os estertores do romantismo e do sentimentalismo. Sentimentos levam a guerras, impulsos, discórdias, assim como inspiram poesias, canções e encantamentos. Assim sempre foi, mas antes dos próximos séculos desta robotização, uma maquinização de nossas existências, testemunhamos essa estranha fase da indiferença, entrecortada por ódios e radicalismos pré-históricos em contraste com uma tecnologia impensável há 20 anos. Estranho divórcio cerebral onde parte do nosso cérebro vive num filme de ficção científica, e do outro lado, parte vive de emoções regredidas e trogloditas. Olho para o lado e não vejo ninguém na praça lotada de alimentação. Nem sou visto. Tudo é neutro, igual a ontem ou mês passado, sem tempero como o sanduíche de fast food ou o suco artificial de alguma fruta. Observo a vida, amo ser curioso e besta. Agradeço por tantas emoções, sem plagiar o Roberto Carlos. Poder recordá-las e, para quem quiser, um dia me tornar um contador de histórias: “Era uma vez a paixão, uma coisa estranha que sufocava, acelerava o coração, me tirava do sério toda vez que minha musa...”.
Será que a emoção está tão em desuso, por estarmos cada vez mais racionais, frios, tecnológicos, rápidos, desimportantes ou descartáveis? Ou tímidos, individualistas e autossuficientes? Só espero que não seja efeito da artificialização dos sentimentos pela bebida, pelas drogas e pelas medicações. Sim, no fundo sei que uma das vertentes da evolução humana é uma hipertrofia cerebral na área cortical, que nos tornará lógicos, matemáticos, insensíveis, em detrimento da área hipotalâmica, sede do estresse e das emoções.
Seremos mais máquina e menos animais. Mais equações, menos paixões. Vivemos os estertores do romantismo e do sentimentalismo. Sentimentos levam a guerras, impulsos, discórdias, assim como inspiram poesias, canções e encantamentos. Assim sempre foi, mas antes dos próximos séculos desta robotização, uma maquinização de nossas existências, testemunhamos essa estranha fase da indiferença, entrecortada por ódios e radicalismos pré-históricos em contraste com uma tecnologia impensável há 20 anos. Estranho divórcio cerebral onde parte do nosso cérebro vive num filme de ficção científica, e do outro lado, parte vive de emoções regredidas e trogloditas. Olho para o lado e não vejo ninguém na praça lotada de alimentação. Nem sou visto. Tudo é neutro, igual a ontem ou mês passado, sem tempero como o sanduíche de fast food ou o suco artificial de alguma fruta. Observo a vida, amo ser curioso e besta. Agradeço por tantas emoções, sem plagiar o Roberto Carlos. Poder recordá-las e, para quem quiser, um dia me tornar um contador de histórias: “Era uma vez a paixão, uma coisa estranha que sufocava, acelerava o coração, me tirava do sério toda vez que minha musa...”.
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