Mas, pelo que se sabe e se vê, a realidade nesses paraísos sociais contemporâneos é virtualmente um império do tédio e da rotina, vivendo sete meses por ano sob um inverno infernal, com o sol se pondo às 2 da tarde. Quem sabe agora tentem medir o IFH, o Índice de Felicidade Humana, que é o que mais importa.
Entre 133 países, o Brasil está em 42º lugar, mas é o melhor colocado do Brics. Na América Latina, ficamos atrás de Uruguai, Chile e Argentina. Países desenvolvidos como Estados Unidos, Itália, Espanha, mas com grandes desigualdades, estão por volta do G20.
Estava pensando sobre essas coisas quando um amigo me trouxe uns óculos-fones de “realidade virtual” e logo me vi no meio do espaço sideral, como se estivesse dentro de um pequeno asteroide, vendo a Terra de longe, sentindo vertigens de olhar para baixo, ou para os lados, ou para cima, na imensidão do espaço, com cometas e asteroides passando.
Ao contrário do 3D, em que a cena sai para cima do espectador, na RV é você que se coloca no centro da ação, com visão de 360 graus, a meio metro do piano de Paul McCartney, no centro do palco, no meio da música, vendo os músicos, a plateia e o backstage à sua volta. Ou assistindo a um jogo de futebol do mesmo ponto de vista dos jogadores, como se estivesse entre eles, na beira do gramado, atrás do gol ou na melhor cadeira.
Bilhões de dólares estão sendo investidos no desenvolvimento dessa tecnologia, um caminho sem volta que já está gerando farta produção de games, comédias, dramas, terror, esportes, natureza, cirurgias, publicidade, clips musicais e, naturalmente, pornô.
Nada melhor para escapar, pelo menos por um tempo, da realidade inescapável de nosso tempo, sem sair de casa.
Nelson Motta
Nenhum comentário:
Postar um comentário