Se, afinal de contas, existia razão para tanto? Não só existia como persiste mas ainda assim levei um bom tempo flertando com o autoengano. Agora, porém, olhando em perspectiva, entendo perfeitamente o porquê da minha reação. Vamos combinar, quem hesitaria em se esquivar, assim, de supetão, ao constatar o próprio País fadado a viver dividido pelos piores motivos?
E a divisão em si não é um problema. Aliás, neste mesmo espaço já cansei de criticar a demonização do nosso debate político. E continuo afirmando, promove um desserviço irreparável quem dele faz pouco caso, seja tachando-o negativamente de Fla-Flu ou mesmo lamentando sua inegável crueza.
Inaudito, isto sim, para não dizer tolo, seria esperar discernimento e maturidade popular a respeito um tema histórica e sorrateiramente forjado para ser ignorado.
Negativo, o debate em si, por ferrenho que seja, está longe de ser um problema. Muito pelo contrário, deveria ter começado antes, estaríamos mais habituados a ele e capazes de travá-lo em outro nível.
O momento pede que por um momento deixemos de lado os vários bilhões escoados via corrupção, a roubalheira desenfreada e as chicanas morais. São todas inéditas, tanto no volume quanto na desfaçatez, e por este motivo promovem e ainda promoverão máculas indeléveis para o Partido dos Trabalhadores. Quanto à economia, cedo ou tarde, em algum momento, recuperará seu fôlego.
Doloroso mesmo, e como, é constatar que talvez o maior estrago promovido pelo PT, ao longo de todo este tempo, só agora começa a dar as caras: sua tenacidade pelo poder e a falta de escrúpulos conseguiu forjar em nossa sociedade indivíduos dispostos a ludibriar sem dó, a repercutir todo o tipo de mentiras, se preciso for, em nome de uma causa tão abjeta quanto defunta.
Das esquinas às redações de jornais e revistas, principalmente nestas últimas, não faltam sujeitos determinados a fazer este papel. Posam como paladinos da moral mesmo desconhecendo por completo o real significado do termo. Mentem, enganam, desconversam com a desenvoltura dos verdadeiros crápulas, e não é por acaso.
Caberia, agora, à parcela da sociedade responsável por desmontar o maior esquema de corrupção institucionalizada na história do Brasil, rechaçar estes indivíduos.
Se torço para quem sejam caçados como bruxas? Que sintam-se asfixiados, constrangidos na hora de exercer suas profissões? Rechaçados como párias, apontados nas ruas como figuras desprezíveis e que portanto devem ser evitadas? Claro que não.
Seria de uma burrice imperdoável transformar em mártires essa gente. Nada seria melhor para o espectro da nossa esquerda corrupta e fanática do que poder lançar a carta da vitimização.
Mas, então, o que fazer? Se repugná-los funcionaria como um tiro saindo pela culatra, e se estão espalhados por todos os grandes veículos, portanto com palco e megafone disponíveis, o que nos resta?
Com toda a sinceridade, não faço a menor ideia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário