São três os aspectos a serem examinados e devidamente analisados: social, político e legal. Do primeiro ponto de vista, o da sociedade, trata-se de um desastre. Quase tão rejeitado quanto a presidente afastada, Dilma Rousseff, Temer colhe mais desconfiança num momento em que precisaria construir confiança. Independentemente da apresentação de provas _ condição indispensável para que a delação renda benefícios ao delator _ a história é verossímil. Não se falava em propinas nessa ou em nenhuma das conversas sobre doações, embora os digamos assim, “requerentes” tivessem plena consciência do tipo de mecanismo que conseguia viabilizar os recursos pretendidos. A menos que fossem neófitos no ofício. Não é o caso. O dano junto à opinião pública é irreversível e contabilizado como acréscimo ao passivo da má fama do PMDB.
No segundo aspecto, o político na acepção da palavra, o prejuízo é ligeiro e passageiro. Além de haver poucos no Parlamento que possam jogar a primeira pedra no quesito captação de dinheiro, não há interesse na maioria do Congresso em criar problemas objetivos para Michel Temer a ponto de ameaçar a votação do impeachment no Senado com uma reversão de resultado apontando para a volta de Dilma.
Resta a questão legal propriamente dita. Nesta, Temer não corre risco. Está “protegido” pela Constituição que impede presidentes da República de serem investigados por atos alheios à função ou anteriores ao mandato em curso. Goste-se ou não, é o que diz a lei. E Dilma fez o que, ao se omitir diante da farra de corrupção na administração pública bem debaixo de seu tão austero, detalhista e exigente nariz? No entanto, não é isso, nem a destruição do soerguimento da credibilidade da economia brasileira, que estão em exame em seu processo de impeachment.
Pelo simples fato de que não se trata da “golpe”, mas de um rito obediente aos preceitos legais. Vale para um, vale para outra, vale para todos aqueles que finalmente estão vendo que um dia a conta é cobrada. E precisa ser paga.
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