quinta-feira, 12 de maio de 2016

Itinerário da insensatez

O sentimento que por muitas semanas dominou o governo Dilma foi de revolta. Agora mudou: é de desespero, porque a partir de hoje não há mais governo Dilma. Assumiu o governo Temer.

Como imaginar de outra forma os recursos impetrados por Madame na Corte Interamericana de Direitos Humanos e na Organização dos Estados Americanos? Pura insensatez levar para foros que por sinal nada representam diante de nossa soberania, imaginando que qualquer decisão alienígena poderá afetar nossas instituições? A briga teria que ser desenvolvida no âmbito do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Apelar para bandos de desocupados só pode mesmo ser desespero.


Até uma parte do PT pensa assim. Nem nos referimos às causas que conduziram o governo a sofrer o impeachment já caracterizado e à espera do golpe de graça nos próximos 180 dias. Não há como eximir Dilma da responsabilidade maior. Em vez de governar, enrolou-se na própria incompetência. Desde o primeiro mandato ela espalhou arrogância, cercando-se mal e atuando pior ainda. Agora, acaba de colher as consequências. O país transformou-se num aglomerado de frustrações. Do empresariado aos trabalhadores, das corporações à classe média, dos políticos à inteligência nacional – a nação rejeitou o grupo encastelado no poder. Claro que as organizações sindicais protestaram, mas vão durar pouco as manifestações de protesto. Quando esgotado o combustível oriundo dos cofres públicos, perceberão a inutilidade de apoiar os artífices do caos. Não deixarão de reivindicar direitos e necessidades, ainda mais diante do retrocesso social que deverá marcar o governo Temer. Só que sem a farsa de seus falsos representantes. Possivelmente o inconformismo vai aumentar, a agitação se multiplicará, mas jamais respaldando o fracasso de Dilma e seu grupo. Talvez aflorem movimentos mais sinceros e por isso mais violentos, à medida em que o novo governo desenvolva iniciativas elitistas e contrárias aos interesses das massas. Nada, porém, saudosista e lamentando o que acaba de passar.

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