Há três tipos de intolerância política: aquela adquirida por enfermidade, a congênita e a chamada “intolerância da velhice”. As diferenças são as seguintes:
Intolerância política por enfermidade (IPE) – ocorre a partir de uma febre social provocada, geralmente, por ações executivas ou parlamentares (ou ambas) reiteradamente desastrosas.
Intolerância política congênita (IPC) – mal que acomete os raivosos natos, notadamente na idade adulta, quando expostos a páginas de jornal, sites especializados e redes sociais.
Intolerância política da velhice (IPV) – tem intensidade diretamente proporcional à antiguidade da data no título de eleitor. Caracteriza-se por traços de impaciência crescentes.
Ninguém no planeta está imune à intolerância política. Porém, os casos desta enfermidade parecem atingir com especial gravidade os países subdesenvolvidos. Isso pode estar ligado às condições sanitárias dos poderes constituídos, ao índice duvidoso de retidão diante das leis e, claro, ao nível de educação cidadã.
O intolerante político faz tanto mal a si próprio quanto aos que estão ao redor. O quadro resulta em perda de produtividade, de amigos, de tempo e de energia. Ironicamente, estão livres das consequências os profissionais da política: uma camada de cinismo parece proteger cada uma de suas células, mesmo que, aparentemente, o político pareça um intolerante. Podemos creditar o fenômeno às imunidades intrínsecas.
A ciência ainda não encontrou cura ou tratamento eficaz. E, por estes dias, estamos todos bem intoxicados. A alienação pura e simples é, muitas vezes, apontada como terapêutica válida. Mas, convenhamos, isso se parece com as lobotomias antigamente indicadas aos loucos da cabeça. Por enquanto eu, muito particularmente, indico chá de camomila. E bom humor.
Rubem Penz
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