Podem apontar o que quiserem na votação de domingo na Câmara, mas participantes e espectadores têm as mesmas caras e ideologias. Siameses da gema até em transformar a Câmara em palco para torcidas organizadas.
O Brasil é de uma cretinice atávica de se condenar quando fica diante do espelho. Esperava ver uma câmara de lordes, mas o que aparecia era uma câmara dos comuns, mais comuns impossível. Revoltou-se, é claro, porque se acredita vivendo sob uma democracia de primeiro mundo, sob o som do Big Ben, quando sua democracia é de terceira classe atrasada como o relógio da Central. Que assim seja, ao menos, para não cair em tentações em arapucas.
O que se viu na Câmara, no domingo, é o reflexo do nosso descaso com a política, pouco caso do cidadão consigo próprio. O Brasil da política suja é o dia a dia brasileiro. Ainda não se entendeu aqui que o respeito que se pede ao político tem que se dar na própria cidadania.
Político sujo, ladrão, de conchavos, mentiroso, espelha a convicção do eleitor, que precisa urgentemente repensar o que deseja de cidadania, indo às ruas, reclamando direitos, condenando voto por dinheiro e dinheiro por voto. Enquanto se emprenhar pela publicidade política, pelo noticiário direcionado e a falta de cultura política, de educação, no sentido de formação, vai ter Câmaras iguais ou piores.
Quem não quiser ver a própria imagem pela tevê, desligue o televisor e vá pescar. Mas não reclame se o país continuar indo ladeira abaixo por suas escolhas interesseiras de grupos sociais.
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