segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Para: Papai.Noel@Polo.Norte.FI

Caro Papai Noel,

Perdoe-me pela invasão de sua privacidade. Tomei a liberdade de encontrar seu endereço na internet (http://www.santaclausvillage.info/). Nos dias de hoje, anonimato é cada vez mais difícil. Tecnologia tem dessas coisas.

Começo pedindo-lhe desculpas. Nunca acreditei em Papai Noel. E escrevo em cima da hora. Talvez o tempo não lhe seja suficiente para atender meu pedido. Além disso, pelo que entendi você (desculpo-me desde já pela informalidade) atende somente os pedidos de crianças, e, mesmo assim, dependendo do seu comportamento durante o ano. Mas daqui de Vancouver, olhando a neve cair delicada sobre os pinheiros, fica mais fácil acreditar na sua existência.

Apesar da chance limitada de sucesso, escrevo mesmo assim. Em meu beneficio, não peço em causa própria (ou pelo menos, exclusivamente minha). Esta semana, um grande amigo me pediu que eu o contatasse. Disse que, já que eu moro mais perto do Polo Norte, talvez você se anime em atender.

Tendo este meu amigo testemunhado à coleção de injurias de todo o tipo derramadas sobre o território verde e amarelo em 2015, ele procura ajuda. Qualquer ajuda. Parece desespero. Talvez seja. Mas mesmo assim, talvez valha a pena apelar para Papai Noel. Quem sabe somente Papai Noel possa garantir que em 2016 venham melhores dias. Pedido grande, eu sei. Pelo sim, ou pelo não, achei que não custava tentar.

Estou ciente de que ao atender este pedido, você terá que ignorar algumas de suas regras. Talvez a gente não mereça mesmo. Somos um povo desacostumado a reconhecer no espelho os culpados pelas nossas próprias aflições. Coisa de quem gosta de carnaval, mas abomina ressaca.
O espelho pode muito. Mas não pode tudo. Sempre mostra a quem quiser ver, o rosto dos que são responsáveis por resolver os problemas que, afinal de contas, foram criados por eles mesmos. Sem sucesso. Ninguém acredita. Pelo menos até o momento.

Por isto, resta pedir a Papai Noel que nos entregue os dias melhores que a gente falhou em conseguir pelos nossos próprios méritos. Apesar da evidencia de que dias melhores sem trabalho, esforço e sacrifício seja mesmo brinquedo que não tem.

Com tanta apatia e desilusão coletiva, a gente precisa de milagre. Milagre de Natal, claro.

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