A vida é cheia de surpresas e a política, mais ainda. Na virada do milênio, se alguém dissesse que o Brasil em breve teria uma mulher na Presidência e o nome dela não seria Roseana Sarney nem Yeda Crusius, ninguém acreditaria. E se insistisse em dizer que a “presidenta”, como infantilmente se autointitularia, seria uma mulher totalmente desconhecida, que jamais disputara uma eleição e que tinha um passado de guerrilheira na ditadura militar, sem a menor dúvida o cidadão seria imediatamente internado num manicômio, envolvido numa camisa-de-força.
Na política estas surpresas realmente podem acontecer, como na Bolívia, onde um “cocalero” (plantador de coca) chegou a Presidência e de lá não sai nem dopado. E não interessa se a pessoa escolhida pelo destino tenha ou não vocação e capacidade para governar. No caso do boliviano Evo Morales, por exemplo, trata-se de um ferrenho nacionalista que não tem se saído mal – pelo contrário.
Morales tomou posse em janeiro de 2006. No período anterior, de 1997 a 2005, o país cresceu, em média, 3,2% ao ano. Em seus dois mandatos, a Bolívia cresce a uma taxa média de 5,5% ao ano e o PIB per capita boliviano triplicou durante sua estatizante administração, vejam como a política é uma atividade complexa.
Enquanto isso, no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff pegou um PIB crescendo 7,5% em 2010 e está fechando este ano com uma recessão de 4,5%, que já se transformou em estagflação, pois a inflação acaba de chegar a dois dígitos (10%), e em viés de alta, uma vergonha internacional.
Como todos sabem, a governanta brasileira está sendo abalada por um pedido de impeachment, que obteve aprovação da Assessoria Jurídica da Câmara dos Deputados, por estar bem fundamentado.
Ao invés de se defender, por meio da apresentação de argumentos técnicos que possam desfazer as bases jurídicas do pedido, Dilma Rousseff se comporta de forma ridícula e patética, afirmando que é honesta e não cometeu nenhum crime. Diz que sua declaração de renda não omitiu nada e não possui contas no exterior. Por fim, alega que os crimes a ela atribuídos também foram praticados pelos presidentes FHC e Lula. Está e a defesa dela.
Mas até aí morreu Neves, como se dizia antigamente, sem qualquer alusão ao célebre dr. Tancredo. A sra. Dilma Rousseff não consegue entender que está sendo supliciada simplesmente porque não sabe governar.
Como diria Orson Wells, pode ser tudo verdade o que Dilma diz. O pedido de impeachment realmente está fundamentado em erros/crimes que já foram cometidos pelos presidentes FHC e Lula. Mas acontece que os deslizes anteriores ocorreram em proporção infinitamente inferior, na casa dos milhões de reais, enquanto Dilma Rousseff resolveu operar na casa das dezenas de bilhões de reais. E é isso que faz a grande diferença, sem sutilezas.
Se o governo dela tivesse dado certo, como aconteceu com Morales, nada disso estaria acontecendo. O Brasil é um dos países potencialmente mais ricos do mundo, com a quinta maior extensão territorial, a sexta população, a maior reserva de água doce no solo e no subsolo, as mais extensas terras agricultáveis do planeta, em condições excepcionais de luminosidade, possibilitando até três safras por ano, com uma indústria avançada, que produz computadores e aviões de última geração, possuindo múltiplas reservas minerais de capacidade ainda não totalmente estimada, mesmo assim Dilma Rousseff derreteu a economia brasileira e deixou a dívida pública e a inflação fugirem ao controle.
O fato é que Dilma Rousseff parece meio insana. Naquele seu dialeto próprio, insiste em simplificar a questão, dizendo que foi eleita e seu mandato vai até o final de 2018. E não aparece nenhum ministro ou assessor para lhe dizer: “É a economia, estúpida!”, repetindo a célebre frase do consultor político James Carville, ao garantir que o então candidato Bill Clinton poderia ganhar a eleição em 1992.
Quanto mais Dilma Rousseff fica no Planalto/Alvorada, tirando uma onda de poderosa e fingindo governar, mais a economia se derrete. Se ela não sair logo, ninguém sabe o que pode acontecer, se é que vocês me entendem, como dizia o genial jornalista Maneco Müller.
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