Ligo o computador e pouco mais de 15 minutos depois começo a sentir algo que me incomoda muito. O mesmo acontece ultimamente quando sento para ver um telejornal ou quando ligo numa estação de rádio. Penso em desistir. Começo a buscar subsídios para largar tudo de mão. Não escrever mais, não me expor mais. Lei de Gerson só para eles? Dinheiro de montão só para eles? Vale roubar e não perder mandato, não ser preso? Vale comprar apartamento em Miami ou fazenda em Uruguaiana?
Ora, eu também quero tudo isto! Vale ser deputado, senador ou ex-presidente e ter tríplex na praia e sítio com laguinho pagos por empreiteira? Meus filhos não merecem morar em apartamentos de 600 m2 comprado com dinheiro sem origem? Por que não? Lamborghini, Ferrari, Porsche Cayenne ou Panamera, quero todos! Se der para ter tudo isto sem trabalhar, se der para tomar vinho de 3 mil roubando sem ser preso, quem não quer? Eu!
Parlamentar bate carteira do contribuinte, passa adiante e faz cara de paisagem. Cidadão fica ali, procurando Nemo. Nenhuma diferença. Zero. Daí aparece um que reage e, paradoxalmente, surgem aos borbotões mais bandidos que batem nele. Eu vi ali o juiz Sérgio Moro, reagindo e apanhando, tendo o MP e o STF correndo para lhe espancar para salvar o meliante. Eu Moro e não vejo tudo...
Mesmo vendo tudo aquilo em Brasília e no Brás, eu desisti de desistir. Tenho todos os motivos do mundo para desistir, mas sou um covarde às avessas, tanto quanto Lula é um mentiroso e Dilma incompetente. A política é para os ladrões, mas também é para os imbecis como eu, que mantém o lúdico da democracia e o sonho da liberdade ainda intactos. Não sei roubar, não me ensinaram e nunca tive curiosidade de aprender. Só acredito na liberdade, na solidariedade e num futuro melhor. Sou aquela senhora com a bolsa aberta cuja carteira foi roubada, sou aquele que foi saqueado, humilhado. A meu favor quase mais nada. A meu favor, tudo!
Desisto de desistir. Chega de largar de mão, de achar que a briga não vale a pena. Eu vou andar pelo Brás mais cauteloso, de olho nas “bonitonas” e nos feiosos. Vou reagir, mesmo que apanhe. Daqui onde eu estou, vou fazendo o que posso. Não tenho pressa. Brás e Brasília tem seu próprio tempo e sofrem suas próprias misérias. A polícia prendeu vários no Brás e, por 48 horas, as compras vão ficar mais seguras. Em Brasília, 48 serão presos, ou mais, e poderemos ficar mais seguros, talvez, por alguns anos.
O Brás é a praça dos Três Poderes.
O Brás não é uma ilha. É Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário