terça-feira, 20 de outubro de 2015

República das bananas?

A delação premiada do lobista Fernando Baiano envolve, entre os beneficiários da roubalheira na Petrobras, o presidente do Senado, Renan Calheiros, os senadores Delcídio do Amaral, do PT, e Jader Barbalho, do PMDB, o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e até mesmo a nora do ex-presidente Lula, por intermédio de um repasse feito por seu amigo íntimo José Carlos Bumlai. Estão expostas de forma cada vez mais nítida as vísceras da Velha Política, com suas degeneradas práticas de fisiologismo no Legislativo, encobertas pela cumplicidade do Judiciário.


O tráfico de influência, o desvio de recursos dos contribuintes e o pagamento de propinas a políticos e partidos revelam o fenômeno da corrupção sistêmica, alimentada pela ininterrupta escalada dos gastos públicos. Aplica-se à nossa classe política o diagnóstico de Barbara Tuchman sobre os papas renascentistas: "Recusam-se a mudar, mantendo em estúpida teimosia o sistema corrupto existente. Não podiam fazer as reformas porque eram parte da corrupção, com ela cresceram e dela dependiam. Ignoraram todos os protestos e os sinais de uma revolta crescente. Colocaram seus interesses privados acima do interesse público, sob a ilusão de um status invulnerável" Por omissão e imprudência de nossa classe política, a dinâmica dos eventos atuais é dirigida agora pelo Ministério Público, pela Política Federal e por um novo Judiciário, que tenta se afirmar como poder independente.

Estamos construindo as instituições de uma Grande Sociedade Aberta. O choque de poderes independentes dispara um processo de aperfeiçoamento em busca das melhores práticas, desde que as instituições atuem dentro de seus limites constitucionais. Confesso que é perturbador o desembaraço com que as figuras coroadas da Velha Política criam obstáculos ao nosso aperfeiçoamento institucional. Mas o despertar do Poder Judiciário anuncia novos tempos. O Brasil não quer mais ser uma república das bananas. A hipertrofia e o aparelhamento do Estado deturparam valores morais e práticas políticas. Fabricaram escândalos, desmoralizaram partidos e derrubaram nossa taxa de crescimento. Continuamos prisioneiros do fechamento cognitivo e da amoralidade de obsoletas lideranças ante os desafios da estagflação e da corrupção.

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