terça-feira, 20 de outubro de 2015

Dilma virá do frio pegando fogo

Mesmo no frio da Suécia e da Finlândia, a presidente Dilma pegou fogo. Teve certeza de que por trás da sugestão de Rui Falcão para demitir Joaquim Levy está o Lula. O alvo de sua resposta agressiva, de que não vai demitir, foi o ex-presidente da República, não o presidente do PT, simples acessório.

Madame ficou uma fera e deu o troco: o governo pensa diferente do partido. Não haverá que falar em rompimento, mas as relações entre o antecessor e a sucessora esfriaram mais do que as estepes geladas da Escandinávia. Ao desembarcar em Brasília, porém, ela parecerá a irmã do Tocha Humana.


Por certo que Joaquim Levy sai chamuscado do episódio, mas fica no ministério, pelo menos até o dia em que sua paciência estourar. Perde também a tal agenda positiva de que tanto fala o Lula.

Para cada lado que Dilma se volte, surgem problemas. O mais agudo de todos chama-se Eduardo Cunha, capaz de surpreender dando seguimento ao pedido de impeachment da presidente, a ser reapresentado hoje pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. Acirrará os ânimos a simples formação de uma comissão especial de deputados para examinar a proposta. Como o prazo para essa manifestação é de 90 dias, imagina-se a questão estendida para o próximo ano, a menos que o presidente da Câmara entre em desespero. Mesmo forçado a renunciar, decidiu ficar onde está e enfrentar o Conselho de Ética, onde imagina dispor de maioria. A bancada de seus seguidores é forte, não a ponto da decretação do afastamento da chefe do governo, mas bastante para incomodar o palácio do Planalto. Por isso ainda persistem tentativas de um acordo entre Dilma e Cunha, visando a preservação de seus mandatos. Aguarda-se a chegada da presidente que virá do frio pegando fogo.

Carlos Chagas

Nenhum comentário:

Postar um comentário