No caso da atualidade brasileira, o xadrez é outro. Vivemos uma enorme crise política com a presidente da República nas cordas, lutando contra o nocaute e sempre salva pelo gongo. Dilma, ainda que tardiamente, precisa conter a enxurrada de gastos, alimentada pela irresponsabilidade, pela corrupção, pela histórica falta de critério e austeridade da gestão pública sempre presentes como nota tônica nos projetos de governos, no seu inclusive.
O ajuste fiscal é a única solução ainda possível mas ele não interessa a grupos com mando ou influência política, a partidos da oposição ou mesmo da situação, a setores do empresariado, do sindicalismo e do próprio governo. Aprová-lo requer a liberação de emendas parlamentares, a concessão de cargos e favores imorais, segurar (ou tentar) o Judiciário para que coloque ou não na cadeia A, ou B, ou E, de Eduardo. Requer a dança das cadeiras, a troca de ministérios, de verbas do orçamento, tudo que, se feito para se aprovar o ajuste, significará nada porque as mudanças ou o tempo vão comer o próprio ajuste.
Não há investimentos em nenhuma atividade econômica, por falta, especialmente, de segurança jurídica. Todas as nossas instituições estão sobrevivendo em regime de concordata ou mesmo de falência. Com toda essa indigência de ideias e de recursos, o único assunto que se discute é se Eduardo Cunha fica na Presidência da Câmara, embora contra si já se tenham colecionado centenas de provas de sua cara presente, sorrindo, em quase todas as janelas da corrupção ou outros malfeitos de tudo que é bras nesse Brasil. Nada anda, nada muda, nada se constrói.
Além desse pouco, políticos, federações e outros iluminados parecem mais preocupados se Levy, que apesar de banqueiro é quem sabe ler cartas geográficas, nas quais, indo e vindo, se pode chegar a algum lugar, vai ficar ou não na tentativa de fazer chegar a um porto seguro essa nau sem rumo. Só uma situação caminha e se avoluma: a que reflete a miséria, o desespero, a absoluta falta de alternativas da população. Se assim continuarmos, a violência irá para as ruas porque não haverá mais caminhos. E aí tudo será tarde demais.
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