E foi assim, desgraçadamente abraçado à minha própria natureza, que dia desses me peguei já imaginando um Brasil sem o PT no poder. Pássaros voando? Obviamente, responderia meu anjo da guarda, afinal de contas, ainda faltam mais de três anos para 2018. De todo modo não resisti, e conforme prosseguia no devaneio, perguntas e respostas subdividindo-se em outras tantas, cheguei mesmo a questionar se não tenho alguma predisposição para o sadomasoquismo.
Tomemos justamente o próximo pleito presidencial como exemplo; não seria bacana se finalmente surgisse a tão propalada terceira via? E não apenas um ótimo candidato, mas também um ótimo partido, capaz de romper com este eterno cancro chamado peemedebismo, sem falar na falsa dicotomia entre PT e PSDB? Seria, mas sequer consigo vislumbrá-la. E enquanto as opções forem Marina, Genro, Bolsonaro, mil vezes andar em círculos no picadeiro centro-esquerdóide em que se transformou a nossa cena política.
Mas então, se as perspectivas políticas não são das melhores, o que de fato mudará a partir de 2018? Deixaremos de ser provincianos? Passaremos a ser mais honestos? Menos hipócritas? A dar mais importância para o comportamento diário, quem sabe, até mesmo a primar pela gentileza?
Também não me parece uma previsão sensata. Muito pelo contrário, acho impossível viver para testemunhar um Brasil livre dessa classe média modorrenta, crente e hábil em ginásticas argumentativas quando o que está em jogo é sua pretensa moral superior.
Idem para os mais pobres. Continuarão sendo tutelados, domesticados, bionicamente alçados a falsos patamares sociais, em outras palavras tratados como putas, pois é assim que funciona no país do toma lá, dá cá.
Se teremos alguma mudança no chamado andar de cima? Não, é claro. Ser da elite continuará significando ter dinheiro, mas não garantirá educação, valores verdadeiros ou compaixão sincera.
O grande problema do Brasil, meus caros, sempre foi, é e continuará sendo o brasileiro. Assim como eu, todos por aqui são afeitos a hábitos autodestrutivos. Quando erramos, achamos o máximo, pois o erro nos dá livre entrada no reino da auto-piedade. E tem coisa que melhor sabemos fazer, com gosto, do que sentir pena de nós mesmos?
Sim, o PT precisa deixar o poder, mas não me iludo. Por mais doloroso e vexatório que seja o processo, capaz de envergonhar, não apenas a seus eleitores, mas a todos nós, como brasileiros, nosso futuro continuará negro.
Enquanto continuarmos a ser essa massa egocêntrica, metida a fazer de conta que a vida é uma grande brincadeira, e que talvez, quem sabe, sejamos todos imortais.
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