A declaração do ex-presidente Lula a respeito da reclassificação do Brasil pela agência Standard & Poor's pode ser compreendida de 3 maneiras bastante diferentes: ou é uma mais uma bravata de petista para desqualificar opositores sem discutir o mérito da argumentação, ou trata-se pura e simplesmente da ignorância a respeito dos métodos utilizados para medição de riscos, refletindo o fato de seus sei lá quantos títulos de doutor não terem sido obtidos pelos méritos acadêmicos normais, ou ainda é o caso de personalidade incapaz de confrontar adversidades, como uma criança que acusa o irmão pela traquinagem descoberta pelos pais.
Sempre foi um método, desde que o grupo que atualmente ocupa o governo começou a despontar como força política considerável no Brasil , ignorar completamente qualquer argumentação, qualquer ato, qualquer fato contrário aos seus interesses, como se não houvesse qualquer verdade ou mérito fora dos manuais do partido. Portanto, qualquer tsunami econômico que balança até a China vira marolinha, qualquer Mensalão vira Ação Penal 470, qualquer censura vira Controle Social da Mídia, etc..
O que aconteceu foi que a agência avaliou seus parâmetors e concluiu, com métodos aceitos pela comunidade acadêmica, que o país está em condições piores que antes, e que somente obterá crédito no mercado internacional sob condições um tanto mais draconianas. Banqueiro é gente que leva muito a sério a questão do comportamento do devedor antes de colocar dinheiro em algum negócio. Portanto, as palavras de Lula "Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem" não estão em conformidade com os fatos. Aquilo que, conforme o ex-presidente, "eles querem" é apenas que nós, o Brasil, honremos compromissos assumidos, como qualquer pessoa, empresa ou governo com um mínimo de boa índole. Conforme pareça mais difícil que o cliente honre o compromisso assumido ou a assumir, quaisquer que sejam os motivos, os negócios tornam-se mais difíceis e mais caros.
O fato consumado que se apresenta é o que se imaginava: a conta da farra creditícia acabou de ser apresentada ao governo, e, junto com a fatura, veio a informação de que o nome, que ainda não está sujo na praça, está sendo avaliado como candidato um pouco mais sério a figurar no SPC. Ainda não estamos na região daqueles pedintes contumazes de empréstimos que devem ser evitados, mas os bancos (e investidores) estão de olho. Mais um pouco de descontrole, falta de seriedade ou distúrbios políticos ou econômicos e passamos definitivamente para o grupo dos que não devem ser considerados como integrantes sérios do mercado de negócios internacionais. Ao contrário da impressão blasé que Lula pretende dar ao fato, é sim um problema que pode interferir na vida de todos nós, inclusive de quem nem tem conta em banco.
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