terça-feira, 8 de setembro de 2015

Brasil aspira por um estadista

genildo

O Brasil precisa urgentemente de um estadista, que, na definição de Houaiss, é pessoa versada nos princípios ou na arte de governar, ativamente envolvida em conduzir os negócios do governo e em moldar a sua política; ou, ainda, pessoa que exerce liderança política com sabedoria e sem limitações partidárias.

Aristóteles ensinava que o estadista anseia mais produzir certo caráter moral nos seus concidadãos, particularmente uma disposição para a prática de ações virtuosas. James Freeman Clarke distinguia: um político pensa nas próximas eleições, um estadista pensa nas próximas gerações. Mikhail Gorbachev sentenciava que a diferença entre um estadista e um político está em que um estadista faz aquilo que pensa ser melhor para o seu país; um político faz aquilo que pensa ser melhor para ser reeleito. Um biógrafo de Alexander Hamilton escreveu que o estadista pratica a política da colmeia, ao passo que os políticos praticam outra política – a da abelha. No primeiro, tudo se subordina ao interesse coletivo. Nos segundos, tudo se subordina ao interesse individual.
Um confronto entre personalidades desse jaez mostra que alguns deles eram pobres de encantamento, outros com excesso de magia, uns mais democratas que outros, alguns mais egocêntricos, outros menos, mas todos punham a nação acima de qualquer proveito político. Tinham seus partidos, mas nem sempre seguiam sua diretiva, quando chocava com a concepção pessoal. Concisos no falar, tolerantes ao ponto, sem paixão ideológica, na eleição de seu sucessor não tomavam posição, agiam como magistrados. Usavam linguagem verdadeira, mesmo que dolorosa.

Normalmente ocorre de o estadista ser incompreendido, pois se preocupa com o longo prazo e toma decisões impopulares em curto prazo, enquanto a maioria dos políticos preocupa-se com resultados imediatos de suas ações.

A história conhece muitos estadistas: Winston Churchill, Clemenceau, De Gaulle, Abraham Lincoln, Konrad Adenauer, Franklin Delano Roosevelt, Nelson Mandela.

O Brasil os teve e tem: no geral, todos os presidentes do conselho de ministros do Império do segundo reinado e quase todos os presidentes da República Velha. Washington Luís, barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Fernando Henrique, Juscelino, Castelo Branco, Campos Sales.

Milton Campos, ele mesmo um estadista, dizia que o verdadeiro homem público defende a posição de sua ideia, e não a ideia de sua posição. Estava sempre acima dos partidos, conduzia os negócios do Estado segundo seu convencimento e, antecipando-se à sucessão dos fatos, levava-os na direção do que desejava. A leitura de sua biografia, de seus discursos e pronunciamentos é catecismo de honradez, probidade e competência, virtudes que aqui e por toda parte andam vasqueiras.

Talvez importe, no Brasil, acender a lanterna de Diógenes em busca de quem seja capaz de desempenhar a função e esperar que um milagre o eleja presidente.

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