Sempre que se veem acuados pelo avanço da Operação Lava Jato, os petistas recorrem à mesma velha tática empregada por seus adversários para reagir às investigações: atiram contra as instituições que estão no seu encalço.
Quando o empresário Ricardo Pessoa apontou o dedo para o tesoureiro de sua campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff sugeriu que os procuradores da Lava Jato agem como os militares que torturavam presos políticos para que entregassem seus companheiros na ditadura.
Na semana passada, quando um procurador do Distrito Federal decidiu investigar as suspeitas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou sua influência para favorecer empreiteiras no Brasil e no exterior, Lula foi ao Conselho Nacional do Ministério Público reclamar.
Acusado de receber US$ 5 milhões em propina do petrolão, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que os procuradores o perseguem e coagiram o lobista Julio Camargo a mentir para incriminá-lo. A tese de Cunha é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prometeu entregar sua cabeça aos petistas para garantir o aval da presidente à renovação do seu mandato em agosto.
O que une os petistas e seus adversários nesses episódios é o desprezo pelas instituições que conduzem as investigações da Lava Jato. Esse comportamento contribui para tumultuar ainda mais o ambiente político, num momento em que todo mundo acusa o rival de golpista.
Na sexta-feira, enquanto Cunha declarava guerra ao governo em sua barricada na Câmara, o Palácio do Planalto reagia com uma nota elegante em que defendeu a harmonia entre os Poderes e proclamava sua "isenção" diante das investigações.
Para quem outro dia igualou procuradores e torturadores, foi um avanço. Será preciso esperar a próxima revelação da Lava Jato para saber se a mudança de tom foi sincera, ou se o novo discurso será abandonado quando se tornar inconveniente.
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