É claro que o resultado incomodou o Palácio do Planalto, como a reportagem de O Globo assinala, comprovando a necessidade de a Presidente da República mudar o rumo central de sua administração. Sobretudo porque o índice negativo encontrado pela pesquisa é o mais baixo de todos desde 1995.
Some-se a isso a perspectiva de elevação de impostos admitida pelo ministro Joaquim Levy, como revelam Marcelo Correa e Cristiane Bonfanti no Globo do dia 3. O aumento de impostos atingiria o PIS/COFINS sobre aplicações financeiras e comercialização de diversos produtos. O tributo, que desde 2004 encontra-se na tarifa zero, passaria a 4,6%. Evidentemente tal elevação seria repassada aos preços a serem pagos pelos consumidores, o que logicamente terminaria afetando o mercado de consumo. O projeto do ministro da Fazenda, revelaram Marcelo e Cristiane, está embutido no esquema do ajuste fiscal, cuja aprovação depende do Congresso Nacional.
Os repórteres verificaram a composição percentual do chamado ajuste fiscal: 2/3 decorrentes da elevação de tributos e 1/3 decorrente do corte de despesas. O aumento de impostos, como classificou o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, seria uma espécie de pagamento de contas, pelo atual governo, das dívidas contraídas ao longo do governo passado.
Ocorre que a presidente da República é a mesma e que os reflexos políticos serão acrescentados à sua conta em matéria de credibilidade e aprovação popular. O resultado será, pelo menos, a manutenção dos 12% revelados pelo IBOPE, ou os 13% assinalados pelo Datafolha. A diferença estatística significa muito pouco para quase todos.
Menos para o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva que seria o principal afetado pela manifestação popular nas urnas de daqui a três anos. Motivo bastante forte para as críticas que vem fazendo ao Governo, especialmente aos ministros Aloízio Mercadante e Pepe Vargas, aos quais atribui a origem de rumos equivocados que se chocam com a realidade da opinião pública, vale dizer com o eleitorado, que lhe deu quatro vitórias consecutivas para presidência da República.
Lula espera atingir a quinta eleição, mas sabe que seu projeto depende da aprovação ou desaprovação do governo daquela que o sucedeu na alvorada de um projeto de reeleições sucessivas, instituído por Fernando Henrique Cardoso em cujos desdobramentos inesperado, naquela ocasião, terminou beneficiando e quase eternizando a supremacia do PT nas urnas.
Mas esta visão está desaparecendo em função principalmente dos escândalos da Petrobrás e do envolvimento da legenda nas revelações cada vez mais intensas e sucessivas. Somando-se a isso a reprovação atual de Dilma Rousseff, torna-se difícil a Lula obter a quinta vitória da série do poder. Assim ele está dependendo de uma mudança nos rumos do governo. Sem essa mudança, a quinta vitória passa a ser, como disse o poeta, um sonho de uma noite de verão.
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