O resgate do Brasil
A população terá que pagar durante muito tempo pelo orgulho do Governo de Dilma Rousseff
A economia brasileira apresenta todas as características de um país sob a tutela de um programa do FMI. A lista de desequilíbrios econômicos é interminável. Um déficit em conta corrente galopante que já supera 4% do PIB; uma taxa de câmbio durante muito tempo excessivamente valorizada e que despencou nos últimos meses; uma dívida pública em rápida tendência ascendente; um déficit fiscal superior a 6% do PIB e, apesar de uma altíssima pressão fiscal, uma alta anual de preços ao consumidor de quase 8%, que desancorou as expectativas de inflação; um crescimento acelerado dos salários acima da produtividade muito baixa. A crise da Petrobras, a última de uma longa série de escândalos de corrupção, é a gota que pode esgotar a paciência dos investidores, a tolerância dos cidadãos brasileiros, e a resistência da sétima economia mundial. As ramificações do escândalo alcançam todos os setores da economia e da sociedade, e estão paralisando a atividade e minando a confiança, tanto empresarial quanto a dos consumidores, para níveis de pessimismo nunca vistos. As manifestações em massa dos últimos dias são o exemplo mais concreto dessa insatisfação.
Esse tipo de desastre, como de costume, é resultado de uma perversa combinação de ideologia ultrapassada e arrogância intelectual, mascaradas por um ciclo econômico dinâmico, mas dependente especialmente de fatores exógenos e não sustentáveis, como o ciclo de sobrevalorização das matérias-primas e a exuberante demanda chinesa. O desaparecimento desses fatores exógenos revelou um crescimento potencial muito menor do que se esperava, certamente não mais do que 2,5%. Esse menor crescimento potencial revela uma economia superaquecida, muito pouco competitiva e com um nível de gasto público excessivo e difícil de reduzir, que necessita de um forte aperto tanto fiscal quanto monetário, para eliminar os excessos acumulados.
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