domingo, 5 de abril de 2015

Governo Dilma não consegue apoio nem mesmo no PT

Nunca antes, na História deste país, se viveu uma situação política desse tipo, com um início de mandato presidencial marcado por uma confusão absoluta, em que a aprovação do governo cai a níveis jamais imaginados e a base aliada se deteriora, enquanto o principal partido da coalizão entra em transe e passa a criticar abertamente as mais importantes decisões administrativas. Nem mesmo o genial Glauber Rocha conseguiria bolar uma enredo como este, em que a realidade suplanta qualquer ficção.

O PT está completamente acéfalo, seu presidente Rui Falcão não manda mais nada e nem mesmo Lula, com todo o seu carisma e sua liderança, consegue restabelecer a ordem no partido. Na última quarta-feira, o grupo PMB (Partido que Muda o Brasil), maior força interna do PT, divulgou um manifesto de críticas ao modelo de ajuste fiscal proposto pelo governo petista de Dilma Rousseff (PT).

Elaborado para o 5º Congresso do PT, que será realizado em junho, o documento questiona por que não houve uma consulta prévia sobre as medidas a serem adotadas. “Essas práticas foram em grande parte responsáveis pelo mal-estar de muitos movimentos sociais que lutaram pela eleição da presidente e que, hoje, se encontram perplexos e frustrados com as primeiras medidas”, assinala o manifesto, lamentando que o peso das medidas econômicas tenha “recaído mais sobre os trabalhadores do que sobre outros setores das classes dominantes”.

O texto também reconhece que as recentes denúncias de corrupção “acabaram por golpear duramente a imagem da legenda” e defende que a sigla “não pode cair nessa vala comum”.

“É imprescindível que a continuada ação dos poderes da República e a própria vigilância do partido cortem a corrupção na sua raiz, se necessário na própria carne. O PT necessita sair das páginas policiais do noticiário e ficar apenas naquelas dedicadas à política”, ressalta o manifesto do grupo majoritário, ao qual pertencem Rui Falcão e o próprio Lula.

Na verdade, o governo Dilma Rousseff perdeu mesmo o apoio das bases do PT, porque as outras alas partidárias também repudiam o ajuste fiscal. Um documento divulgado pela tendência Mensagem ao Partido, a segunda maior força interna, diz que “o segundo governo da presidente se iniciou com uma clara inflexão conservadora na gestão macroeconômica, contraditória com o programa eleito”.

“É preciso superar esse impasse ou o segundo governo trabalhará, na melhor das hipóteses, com um cenário de baixo crescimento [da economia] e eventual crescimento do desemprego”, ressalta.

Traduzindo tudo isso: ninguém aguenta mais o governo Dilma Rousseff. Nem mesmo o PT.

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