No Distrito Federal, o governo petista de Cristovam Buarque foi considerado o pior durante muitos anos, até a chegada do outro petista Agnelo Queiroz ao Palácio Buriti. Na época de Cristovam, a justificativa era que o PSDB estava no poder e não colaborava. O então governador era ótimo nas teorias inaplicáveis; péssimo na prática.
Com Cristovam, o DF ficou “em ponto morto” por quatro anos, com a economia se movimentando apenas pelo impulso de governos anteriores. Vivia com aquela história que “é melhor construir escola do que construir cadeia”. Depois de quatro anos, não construiu nem escola, nem cadeia. Não sei por que os governos do PT têm tanta afinidade com bandidos e tanta ojeriza à segurança pública!
Depois do desgoverno dele, ficou fácil para a população sentir saudades do Joaquim Roriz, velha raposa, e colocá-lo no poder novamente.
Posteriormente, a população do DF, por falta absoluta de candidatos, quis dar uma nova chance ao PT de gerir alguma coisa. Na disputa final, entre Agnelo Queiroz e uma idosa que nunca tinha se candidatado a nada, o petista elegeu-se. Afinal, desta vez o governo do Distrito Federal era do mesmo partido que o governo federal, haveria facilidades. O governador teria que ser muito incompetente para fazer uma má administração. Não tinha como fracassar.
Mas não é que deu errado, e Agnelo Queiroz se tornou o pior governo da história do Distrito Federal? Foram mais quatro anos perdidos. Ficou a impressão que o PT é formado, totalmente, por pessoas fracassadas e que tiveram como única opção se tornar ativistas/sindicalistas e depois políticos, para conseguirem alguma coisa na vida.
Na política brasileira, o importante não é ser. O importante é apenas parecer. Existe um Brasil imaginário coexistindo ao lado do Brasil real. Dá a impressão que esse Brasil imaginário é governado por drogados, que se impõe ao Brasil real como se governassem e tivessem mais lucidez do que as pessoas sóbrias.
Por favor, digam o nome de algum país que multa quem joga ponta de cigarros no chão e que ofereça educação, saúde, segurança e transporte no nível do Brasil. Eu não conheço nenhum.
O Brasil que multa quem joga ponta de cigarro no chão é o mesmo que joga milhares de toneladas de esgoto, lixo e resíduos industriais nos rios – inclusive no Rio de Janeiro, onde não se sabe em que ponto começam as lagoas e finda o esgoto.
Outro exemplo: os moradores de Brasilia se gabam de serem os primeiros do Brasil a implantar a faixa de pedestres, apontando que são mais civilizados do que os moradores outros estados, que ainda não faziam uso desse artifício, etc. e tal.
Mas era só preocupação para os “intelectuais” do Plano Piloto, habitantes do Brasil imaginário, pois na maioria das cidades-satélites (Brasil real), onde também foram implantadas as faixas de pedestres, a preocupação das pessoas não era atravessar as ruas, mas chegar em casa vivo, uma vez que moram em um dos lugares mais perigosos do país.
Para os intelectuais de barriga cheia e apreciadores de uma picanha da chapa, isso não importava, nem importa. O que vale é ter a faixa, multar motoristas e dar provas de civilidade para a Europa, mesmo que as pessoas sejam assaltadas ou mortas após atravessá-la. As autoridades não falam que a quantidade de pessoas que são assassinadas na periferia é infinitamente maior do que as que morrem atropeladas. Mas como moram no Brasil imaginário, a faixa foi considerada mais prioritária do que pôr fim à mortandade.
A mesma coisa acontece com os radares móveis que abundam em Brasília: tecnologia do Século XXI, em meio a rodovias do Século XIX e buracos da Idade Média.
Francisco Vieira
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