Depois de quase cinco meses no cargo, nem Levy nem Barbosa dão demonstrações claras de que vão cumprir o que prometerem no quesito transparência. As pastas que comandam continuam funcionando como verdadeiras caixas-pretas. Conseguir informações relevantes à sociedade é quase impossível, sobretudo se os dados desvendarem mamatas e o descalabro em várias áreas do governo.
Tente, por exemplo, saber da Fazenda e do Planejamento quantos são os assentos que o governo tem em empresas estatais, cargos que são repartidos entre um grupo restrito de servidores públicos e indicados políticos selecionados pelo Palácio do Planalto. Cobre do Departamento de Controle das Estatais (Dest), órgão vinculado a Barbosa, informações sobre as empresas que vêm colocando em risco o ajuste fiscal. No máximo, receberá respostas genéricas, que desrespeitam a inteligência.
É inaceitável que seja assim. O mais assustador, porém, é que não há perspectiva de mudança. A máquina pública foi construída para facilitar malfeitos, viabilizar grupos com o objetivo claro de enriquecer às custas dos contribuintes. Transparência não combina com esses interesses escusos. Pode ser que até Levy e Barbosa venham a surpreender ao romper com esse modelo nefasto. Os dias estão correndo. Enquanto mantiverem os olhos fechados, os malfeitos prevalecerão e milhões de reais continuarão escorrendo diariamente pelos ralos da corrupção.
O custo da falta de transparência para o país é elevado. Em seminário, Cristiano Herckert, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, foi enfático: “Abrir dados é uma forma de gerar desenvolvimento econômico e social para nosso país”. Pena que nem mesmo os colegas de trabalho dele acreditem nisso. Se acreditassem, contribuiriam para a grande revolução que todos anseiam: um governo que não tem medo de se mostrar.
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