quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Melhor que Lula lidere uma grande reforma do Estado

Há momentos históricos em que o melhor é que cada força política ou social se esqueça por um momento de ser Governo ou oposição
Seria interessante saber o que o carismático ex-presidente Lula da Silva pensa sobre o momento crítico vivido pelo Brasil e como está disposto a agir. O melhor para ele seria tentar voltar ao Governo? Com ele, especialmente em seu primeiro mandato, o país se tornou objeto da inveja mundial. O Brasil era um sonho atingível.

Uma vez Lula teve razão com seu mantra “nunca neste país”, porque era verdade que o Brasil nunca tivesse estado mais visível sob as luzes do mundo, transpirando esperança e possibilidades.

O que sentiria Lula vendo que aquele Brasil, que não deixa de ser uma potência econômica por seus recursos naturais e humanos, com uma posição central no continente, vive momentos de desencanto e desinteresse pela política, começando pelo seu próprio partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), que, em frase sua, fundou “para ser diferente” e que hoje vive sua maior crise de credibilidade, sendo igual ou mais que qualquer outro em relação a deslizes éticos? Será verdade que já pediu para que ponha em marcha a máquina de sua reeleição?

É fácil atribuir a Lula coisas que ele provavelmente não diz nem pensa. A prova dos nove seria saber, por exemplo, quais são suas autênticas relações com sua discípula, Dilma Rousseff, a qual hoje querem apresentar como alçando voo sem necessidade do sopro de seu criador, e até contra ele.

Há quem tenha chegado a dizer com certa graça que é possível que nem mesmo Lula saiba o que pensa de Rousseff, nem o que gostaria dela neste momento, se transformá-la no bode expiatório de toda esta inquietação que agita os brasileiros ou se seria melhor ajudá-la a não fracassar, para que não se pudesse um dia dizer que ele errou ao apresentá-la como a “melhor candidata” e sucessora sua, como “a mãe que cuidaria do Brasil”.

Difícil também saber o que Lula pensa sobre a renovação ou refundação do PT, já que sempre se disse que o partido não existiria sem ele, nem ele sem o partido. Isso continua a ser verdadeiro?

O ex-presidente se tornou — ou foi tornado — no contrário do bode expiatório, papel esse que cabe mais a Dilma.

O ex-sindicalista continua sendo visto, com razão ou sem ela, como o curinga, a carta mestre que permite ganhar qualquer aposta. Daí o movimento “Volta Lula”, lançado não apenas pelo PT, mas por milhões de eleitores que seguem vendo-o como salvador da pátria.

Difícil saber se é correta a notícia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual Lula já teria dado sinal verde aos seus para lançarem sua candidatura, sem que se diga que foi ele que deu a ordem.

Se o Governo Rousseff fracassar e se fizerem necessárias novas eleições antes de 2018, não há dúvida de que o grito “Volta Lula” se fará mais forte. Lula é muito Lula e mantém ainda forte credibilidade e grande poder de mobilização, em especial nas classes menos escolarizadas do país, e paradoxalmente, também entre empresários e banqueiros e outros integrantes das chamadas elites.
Leia mais o artigo de Juan Arias 

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