quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
'Estou aqui pra quê? Pra derrubar FHC'
Foi esse o grito de guerra golpista que varreu a Esplanada nos Ministérios, em Brasília, em abril de 1997. O PT – e suas sublegendas, como os jurássicos PC do B, a UNE (alguém ainda se lembra dela?) e o MST – continuavam sem aceitar o resultado do primeiro turno das eleições de 1994.
Os mais velhos ainda se lembram: Lula e seus “petelhos” alegavam que o Plano Real não passava de um estelionato eleitoral.
Lula e seus “petelhos”, que denunciam hoje o golpismo, foram os que mais defenderam a derrubada da Constituição durante os oito anos do mandato de FHC. Nem os gorilas mais reacionários do golpe de 1964 chegaram a tanto.
Dois meses depois, ainda em 1997, Gilmar Mauro, outro comissário do povo do MST, insistia: “Tem que derrubar o presidente, o vice e uma tropa de safados que está lá em Brasília.”
Um mês depois, José Rainha Jr. garantia: “Se o governo não tomar jeito, cai.” Em seu delírio, ele jurava que as Forças Armadas não teriam coragem de atirar “quando todo mundo for para as ruas”.
Também em julho de 97, outro celerado do MST, João Pedro Stedile, surtaria e confundiria o Planalto com o Palácio de Inverno, na Petrogrado de 1917: “É preciso descobrir bandeiras mágicas para mobilizar o povo e rebelá-lo contra o governo, como fizeram os bolchevistas com pão, paz e terra’ que implantaram o comunismo na URSS.”
Mas foi o comissário do povo Tarso Genro que iniciou a pregação aberta do golpismo, em janeiro de 1999, quando propôs que Fernando Henrique renunciasse e enviasse emenda constitucional ao Congresso, convocando nossas eleições presidenciais.
Ele repetiria essa proposta em outro artigo na imprensa e teria apoio do comissário Lula: “Se FHC não pode cuidar do desemprego e não pode fazer o país voltar a crescer, que peça as contas”.
Em sua coluna em O Globo, Márcio Moreira Alves registraria as lamúrias de uma insuspeita viúva do golpismo, o líder do PC do B, deputado Haroldo Lima. Segundo eles, os militares “deveriam encontrar uma maneira democrática e urgente de, sem golpe, defender a pátria ameaçada”.
O jornalista encerrou sua coluna com esta afirmação: “No passado, sempre foram os políticos de extrema-direita que bateram às portas dos quartéis. Agora, as vivandeiras são comunistas. É um sinal lamentável de podridão ideológica”.
Foi em meados de 1999 que a proposta golpista saiu às ruas: Lula, os “petelhos” e suas sublegendas anunciaram a Marcha dos 100 Mil sobre Brasília com o lema “Fora já, fora daqui, o FHC e o FMI”.
Isso levou o hoje senador Aloysio Ferreira Nunes a perguntar: “Fora FHC? O que é isso? É interromper um mandato popular legitimamente conquistado com uma diferença de 15 milhões de votos.”
Em setembro de 1999, a esquizofrenia da oposição “petelha” chegou ao auge. Sem estar dentro de uma camisa de força, Gilmar Mauro do MST, vomitou: “Pela nossa vontade, teria que fazer uma limpa e convocar eleições gerais imediatamente. Fecha o Congresso, fecha a Presidência e convoca eleições”.
Já em setembro, o Grito dos Excluídos, em Aparecida, proclamava: “Ou o governo muda a política econômica ou nós mudamos o governo.”
Candidato a vice-presidente, junto com Lula, nas eleições de 98, Leonel Brizola enlouqueceria em janeiro de 2000: “Se fosse juiz num tribunal que julgasse Fernando Henrique, numa luta, num confronto entre esquerda e direita, votava por passar fogo nesse sujeito.”
Paradoxalmente, foi um, até então, respeitável jurista, Fábio Konder Comparato que revelou sua vocação para ser o Pol Pot tupiniquim. Em março de 2001, numa entrevista para o jornal do MST, ele propôs a formação de “tribunais populares” para julgar o governo FHC. Só não falou em pelotões de fuzilamento e em campos de trabalho forçado.
Como negam hoje o que pregaram ontem, Lula e os “petelhos” denunciam agora o golpismo contra Dilmandona Ruimsseff.
Tadeu Afonso
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