PODE |
Chico foi de uma santa infelicidade quando sugeriu que liberdade de expressão tivesse limites. Não foi capaz de lembrar a lição cristã de oferecer a outra face. Mas não que a ofensa, que é também uma forma de liberdade de expressão, tenha como resposta uma agressão física como o soco, ou uma AK-47.
Para agradar gregos e troianos, ou judeus e islâmicos, condenou o que seria um excesso dos chargistas ou humoristas, que deveriam ter medidas de até onde ir, respeitando a liberdade religiosa, que nada mais é o que outra liberdade de expressão.
O papa, nas entrelinhas, estaria censurando o riso, a brincadeira, a crítica, quiçá condenando o que é próprio do homem, portanto, vinda de Deus. Ou não somos imagem e semelhança como asseguram as Escrituras? Deus não sorriria de nossas brincadeiras? Ou seria um Carrancudo, com maiúscula? (Esqueceram da alegria e da brincadeira que tanto espalhou São Francisco de Assis, o menino alegre da Igreja dizendo verdades?)
Chico lembrou que tem que se respeitar a religião como se essa criação humana fosse sagrada acima mesmo da criação. Não são sagrados os vermes, as bactérias, os vírus, os animais, a natureza, o homem? São bem mais do que qualquer religião, expressões máximas de Deus, e, no entanto, não merecem o tratamento digno nem são condenadas com tanta veemência as agressões a elas.
O ataque ao Charlie Hebdo deixou mesmo muita cabeça tonta, porque a liberdade realmente tonteia. Tem que se condenar com rigor o terrorismo, a bandidagem, ainda mais feita em nome da religião, não se pode é ter a mesma medida condenatória à liberdade seja ela qual for, quando aí sim estaremos dando grande passo para satisfazer os falsos sérios, os falsos religiosos, os falsos de qualquer tipo.
NÃO PODE |
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