Num país em que, em plena seca, chove bilhões dos cofres
públicos como maná em propinas e pagamentos ao comissariado, estamos caindo na
rotina de aceitar a corrupção como regra, não como exceção, por mero enfado.
Com todos os esforços policiais e jurídicos das instituições,
ainda há muito blábláblá com que se tenta blindar os poderosos envolvidos. Há
batalhões de aliados, a bom preço, dispostos a por a mão no fogo e a cabeça a
prêmio para defender os bandidos do alto escalão.
Farsas não faltam. A penalização dos condenados políticos
com uma peninha vergonhosa, que mostra bem a cara brasileira de se defender os
poderosos a qualquer custo. Os mensaleiros conseguiram abater das penas “tempo
de trabalho e tempo de estudo” na cadeia, o que não acontece com os meros
mortais com penas ainda menores, e agora até estão viajando pelo país como
qualquer cidadão de ficha zerada.
Se a famosa soprano Montserrat Caballé, de 81 anos, foi
condenada a pagar de 508 mil euros, quase R$ 1,5 milhão, por sonegação em
imposto de 2010, e o ex-primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, foi
detido para depor e deve ser condenado por corrupção, há uma grande festa na
bandidagem brasileira. As figuras de proa, com grande blindagem, pairam como
ninfas no lago da impunidade.
Ninguém consegue que Luís Inácio Lula da Silva, como
qualquer cidadão, seja encontrado e intimado para depor sobre o caso do
Mensalão, como também João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, não vai para o
xadrez mesmo denunciado criminalmente pelo Ministério Público por um rombo de
R$ 100 milhões na Bancoop, sem contar que está envolvido até o pescoço por
falcatruas também no Petrolão, área hidrelétrica e fundos de pensão.
Se no passado, os bandidos nos filmes de Hollywood sempre se
refugiavam no Brasil, agora nem precisam vir mais, porque os nativos já dão
conta do recado e tomam todos os postos da elite. Vivem como nababos,
festejados mesmo nos jornalões, protagonizando festas e viagens hollywoodianas
sem precisar temer a Justiça, cega, surda e muda, quando não conivente.
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