sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Estará sendo gestada uma oposição pós-moderna?

O Brasil contém hoje muitos Brasis ao mesmo tempo. Nele convivem o atraso e a novidade
No mundo da pós-modernidade, é fundamental saber intuir as tendências, tão presentes, por exemplo, na moda, no sexo e na arte. E na política? Poderia parecer um paradoxo, mas o Brasil talvez esteja intuindo um tipo de oposição inovadora, pós-moderna, diferente das oposições clássicas do passado.

Não digo que seja melhor ou pior, apenas diferente, e por isso difícil de entender, como qualquer outra tendência que aflora na superfície sem que se saiba bem como se estabilizará. E não será uma batalha fácil.

Mas alguns flashes dessa oposição, mais pós-moderna que tradicional, já começam a aparecer em comentários na imprensa e nas redes sociais. O que parece caracterizar esse novo tipo de oposição é, por exemplo, certo caráter lúdico, plural e festivo.

Como explicar então que o derrotado Aécio Neves, terminadas as eleições (que foram as mais duras dos últimos tempos e dividiram o país em dois, com dor e até com rompimentos entre pessoas), pudesse ser recebido em Brasília, coração do poder político, às portas do Congresso, como um vitorioso em meio a uma festa popular?

Em sua longa entrevista ao jornal O Globo, Neves, derrotado nas urnas, declarava-se “de bem com a vida” e demonstrava um tipo de oposição política diferente do que se via no passado.

Desenhou uma oposição que inclui uma novidade: será firme, sem adjetivos, mas não raivosa, nem se limitará só aos políticos no Congresso. Aécio deseja criar um “movimento” que “abrace a sociedade”

Desenhou uma oposição que inclui uma novidade: será firme, sem adjetivos, mas não raivosa, nem se limitará só aos políticos no Congresso. Aécio deseja criar um “movimento” que “abrace a sociedade”. E isso seria novo, pós-moderno.

Até agora a sociedade (que não deve ser confundida com os movimentos sociais institucionais) não era chamada pela oposição para opinar. Se por acaso tal chamado ocorria, era para a ira e a guerra. Era uma oposição só do contra. Desta vez, o líder do maior partido oposicionista quer que as pessoas participem da oposição e se sintam suas donas. Não se trata do “quanto pior, melhor”, nem que tenha como lema, como costuma acontecer nas oposições tradicionais, “estar contra tudo o que o Governo propuser”.

A oposição que está se formando parece anunciar alguns traços típicos da pós-modernidade, como o de poder ser plural e, ao mesmo tempo, real e pontual.

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