Na recente campanha presidencial, o lado em que 51 milhões
de brasileiros se arregimentaram foi apresentado por Lula como síntese de todas
as perversões e maldades. Dando continuidade a isso, na última terça-feira, o
Diretório Nacional do PT divulgou uma Resolução que reduz a pó a busca de
entendimento sugerida pela presidente no dia 6.
A referida Resolução diz como deve ser a luta pela
hegemonia, que é a supremacia do pensamento partidário sobre a sociedade. Para
viabilizar isso, o partido insiste na sua reforma política, na imposição do
controle social da mídia (agora com o nome bem bolivariano de “Lei da Mídia
Democrática”), e na retomada da criação dos conselhos populares recentemente
barrados pela Câmara dos Deputados. Assim é o petismo.
Sob vários aspectos, o documento é uma resoluta declaração
de guerra. Lá pelas tantas diz assim, referindo-se à campanha recém finda: “A
oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso
neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o
preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”. Não
importa que nada disso tenha acontecido. É da mera afirmação que os resultados
são colhidos. Também assim é o petismo. E, mais adiante: “A oposição,
ressentida, insiste na divisão do país”.
Claro que a nação resulta dividida! É uma divisão feia,
fruto de retórica maligna, como a do vociferante Lula e como a que explodiu na
Resolução mencionada acima. No entanto, se a divisão entre grupos sociais é
indesejável, a divisão para o jogo político se faz necessária. A superação dos
conflitos fantasiosos produzidos pelo marketing da tal hegemonia exige que se
estruture e consolide o antipetismo.
Havendo o petismo, o antipetismo torna-se uma imposição da
racionalidade política. As redes sociais servem à construção de uma oposição,
mas não dispensam a oposição parlamentar, com representatividade, mandato,
tribuna e voto. Por isso, a defesa da democracia clama por unidade
suprapartidária oposicionista, compondo, nos parlamentos, frentes que
restabeleçam o democrático e indispensável papel da oposição.
O fracionamento dos partidos pelo poder de compra do governo
da República precisa ser vencido por uma força política organizada e coesa que
expresse o que metade dos brasileiros manifestou com seus votos e prossegue
reafirmando em sua mobilização nas redes sociais e nas ruas. Que haja, enfim,
governo e oposição atuantes no país. E que nunca mais tenhamos que votar num
sistema no qual poucos ainda insistem em confiar cegamente.
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