Quem está governando qualquer lugar do mundo teria que estar envolvido num programa obrigatório de corresponsabilidade. Esses países que estão se lambuzando na guerra agora, quando cessarem a hostilidade um com o outro, deveriam ser obrigados a pagar uma contribuição trilionária para os países que não participaram de guerra nenhuma enquanto eles estavam cagando no mundo. Porque nós vamos ter que limpar a merda deles. Aí, a gente ia criar uma economia um pouquinho mais cooperativa e menos caritativa. A Europa acha que faz caridade, tirando um pouco da sua fortuna para ajudar os outros que estão afundando. Mas é ela que afunda o mundo. As pessoas têm que ter corresponsabilidade, parar com esse papo furado de caridade.
Nós estamos imersos num oceano de ignorância, onde as pessoas querem dinheiro a todo custo. Os que não têm acham que vão ganhar, enquanto os que têm muito só querem aumentar suas fortunas. Isso é tão óbvio, mas é óbvio para quem já viveu e entendeu como é que funciona. Não é óbvio para as pessoas que acham que finalmente chegou a sua vez. Lá em Óbidos, no Pará, e em outras regiões carentes da Amazônia, se chegar uma mineradora na praça, eles vão adorar, porque nunca tiveram tanta facilidade para ter dinheiro de graça, para consumir tudo o que todo mundo consome. Essa sansara, essa roda da fortuna, onde sempre vai ter alguém chegando e falando "oba, agora é minha vez!”, é o motor que vai comer o mundo. O mundo vai ser comido assim, por idiotas que acham que chegou a sua vez.
Se você olhar a história, do século 19 ao 21, não vai ver nenhuma outra variante. O que apareceu no meio do caminho? O socialismo? Tem socialismo em algum lugar do mundo? O capitalismo virou a única religião planetária. Como você quer, dentro de uma religião planetária dessas, abrir rotas de fuga para outro tipo de vida que não seja a disputa constante contra a fúria da mercadoria? Como o genial (Davi) Kopenawa Yanomami nomeou, a sociedade não indígena se tornou a sociedade da mercadoria. Quer dizer, não tem outra coisa que justifica a vida dessas pessoas, é a mercadoria. É como se a mercadoria fosse o altar do capitalismo. É uma religião. Quem pensa que capitalismo é economia está enganado, é religião.
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