quinta-feira, 31 de agosto de 2023

A super-quinta-feira da delação, uma promoção da Polícia Federal

Bons ou maus tempos aqueles em que nos postávamos à frente de um aparelho de televisão a comer pipocas e a beber qualquer coisa, e assistíamos com toda atenção a interrogatórios intermináveis, e a revelações de arrepiar os pelos.

Os mais vidrados no que se passava na telinha, com o celular ao alcance das mãos, trocavam ligações com os amigos e, naturalmente, tiravam conclusões apressadas. Só consultavam os que pensavam como eles, deixando de fora os que discordavam.

Cada um na sua bolha. Quando o PT governava o país não éramos nós contra eles? Quando o PT começou a cair, e também nos últimos quatro anos, eram eles contra nós, e vida que segue. Seguiu e deu no que vimos com a derrota de Bolsonaro e do golpe.


Nesta quinta-feira, a Polícia Federal ouvirá o depoimento simultâneo de oito supostos meliantes; supostos porque poderá haver algum inocente entre eles. Todos juram que são. Na Penitenciária da Papuda e em Bangú 8 só há inocentes. Os oito:

* Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;

* Michelle Bolsonaro, a encantadora ex-primeira-dama;

* Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro;

* Mauro Cesar Lourena Cid, general, pai de Mauro Cid;

* Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro;

* Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro;

* Marcelo Câmara, coronel e ex-assessor de Bolsonaro; e

* Osmar Crivelatti, segundo tenente e ex-assessor de Bolsonaro.

Os depoimentos serão simultâneos para evitar que eles respondam às perguntas de maneira combinada. Nada impede que tenham combinado antes. Ao que tudo indica, Mauro Cid ficará de fora de qualquer tipo de combinação.

Desde a semana passada, Mauro Cid passou a colaborar com a investigação sobre o roubo das joias milionárias oferecidas ao Estado brasileiro e surrupiadas por Bolsonaro e sua gangue, e sobre a trama que resultou no golpe fracassado de 8/1.

Na sexta-feira (25) e na segunda-feira (28), ele depôs durante 16 horas. Foi convencido de que só lhe resta falar para diminuir o tamanho de sua pena, se condenado. Com dó do pai, metido por ele na encrenca, e sob pressão da mulher, começou a cantar.

Wassef não tem outra saída que não seja cantar, cantar. Foi ele, em missão dada ainda não se sabe por quem, que voou aos Estados Unidos para recomprar o Rolex vendido por Mauro Cid. Foi ele que devolveu o relógio a Mauro Cid. Está tudo documentado.

Senhor do destino dos depoentes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proibiu a Polícia Federal de vazar, sem querer ou querendo, o que ouvirá hoje dessa gente, o que já ouviu e o que venha a ouvir. Segredo de Justiça. Uma pena.

Mas se for pelo bem de todos, felicidade geral da Nação e condenação futura dos culpados, que assim seja, amém. Mais cedo ou mais tarde saberemos.

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