Por exemplo, ficar sem passaporte para sair do Brasil já o impediu de viajar a Portugal para participar do encontro da extrema-direita europeia, que estava sendo organizado em Lisboa. Foi um duro golpe que o enfraqueceu mesmo diante de seus mais fervorosos partidários.
Isso está levando a classe política, tanto de direita não golpista quanto de centro, a buscar alternativas à liderança de Bolsonaro, que seria usado apenas como animador das próximas eleições municipais. E isso se ele antes não acabar na cadeia.
Bolsonaro vai continuar, mesmo preso, a manter seu núcleo duro de fiéis da direita fascista que não vai abandoná-lo e vai continuar fazendo barulho nas redes sociais. Mas sua liderança em escala nacional está esmaecendo e as forças políticas estão se reposicionando.
Essa situação também pode afetar o novo governo progressista neste momento, que continua tendo dificuldades para dominar o Congresso e aprovar suas propostas, pois continua sem maioria e com dificuldade até para aprovar a nova lei econômica.
O que começa a aparecer cada vez com mais clareza é que o terceiro mandato de Lula pode ser o último, não só da esquerda, mas também do Partido dos Trabalhadores, que continua ancorado em sua política de esquerda cada vez mais difícil de alcançar maioria no país.
Se Lula conseguiu voltar ao poder desta vez, foi justamente porque teve a intuição de criar um governo de centro, colhendo assim os votos de quem não queria a direita fascista de Bolsonaro ou a esquerda de seu antigo partido.
E é esse centro que parece começar a se consolidar cada vez com mais força e que começa a se vislumbrar até como um centro-direita que hoje já domina o Congresso.
Isso pode explicar por que estão tentando convencer Lula a falar menos da guerra na Ucrânia e a se preocupar com sua liderança mundial, que já tem, e a focar em governar internamente, lançando um governo com um leque de ministros preparados e com programas que, se aprovados no Congresso, significariam um salto qualitativo na política em geral. Essa política que foi envenenada durante os quatro anos do desastroso governo Bolsonaro.
O que fica cada vez mais claro é que o eleitorado brasileiro está cansado dos extremos e das disputas partidárias internas e quer ações concretas. Desde a queda da inflação que castiga tanto a classe média quanto os segmentos mais pobres, que são milhões, à possibilidade de encontrar trabalho para todos, principalmente para as novas gerações que são as mais sacrificadas e que podem acabar rejeitando a política como algo que não lhes pertence. Ou pior ainda, que acabam considerando a política e os valores democráticos como algo que não lhes diz respeito, pois não abre novos horizontes de esperança.
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