Menos que largar mão de um projeto de poder autoritário e condenado ao fracasso, Bolsonaro ressente-se da possibilidade de curtir sua preguiça —esticar feriados, enforcar segundas, trabalhar três horas por dia e passar noites em claro conferindo as redes do ódio— longe do cartão corporativo, cujos gastos somam mais de R$ 21 milhões. Adeus, vida boa.
Aqueles que o sustentam e o manipulam —e em troca aturam humilhações públicas— podem perder as mordomias. Sob Bolsonaro, os militares, ativos e inativos, escaparam do aperto salarial aplicado ao funcionalismo. Mais de 6.000 fardados ocupam cargos civis, alguns acumulando salários e aposentadorias. Generais que fazem a cabeça do capitão recebem até R$ 100 mil em um único mês.
Na lista vip de favorecidos, estão parlamentares que refocilam na lama do orçamento secreto; milicos de pijama que fazem lobby para mineradoras; empresários que bancam o desmatamento; garimpeiros que movimentaram R$ 200 milhões em dois anos; médicos que arranjam boquinhas em órgãos brasileiros nos EUA; cantores preferidos da PM mineira; advogados que não sabem onde fica o Fórum e compram mansões.
A fauna da mamata se renova velozmente. Agora surgiu em cena o Queiroguinha, filho do ministro da Saúde, que aproveita eventos oficiais para alavancar sua candidatura a deputado. E o que dizer dos militantes bolsonaristas que, impulsionando a circulação de notícias falsas e teses conspiratórias sobre o processo eleitoral, faturam R$ 1 milhão com a reprodução de vídeos no YouTube? Para estes, a economia vai muito bem, obrigado.
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