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Diferentemente, porém, dos brasileiros livres de antes, que aceitavam o direito de matar para alguns, agora a população se divide entre os que defendem este direito como parte da tarefa de policiais e muitos que se manifestam contra por considerá-los maus ou incompetentes para cumprirem suas obrigações. Incapazes de serem bons policiais, como seus colegas, sem atirar balas perdidas matando crianças, sem assassinar cidadãos decentes, cujo crime é o endereço em que mora ou passava, ou mesmo matar bandidos, em um país sem pena de morte.
Mas para os que se indignam com a maldade ou a incompetência de alguns policiais, a hipocrisia cresceu nestes 133 anos. Porque se indignam depois de cada violência física, tortura ou morte, mas toleram o sofrimento e a morte de milhões de brasileiros pela fome, a sobrevivência precária de muitos milhões na pobreza, a violência permanente sobre 12 a 14 milhões de adultos brasileiros analfabetos.
Genivaldo de Jesus foi asfixiado com uma bomba de gás dentro do camburão da polícia, e o Presidente justificou. Milhões de analfabetos estão permanentemente submetidos a asfixia intelectual ao longo de suas vidas, diante do silêncio dos governantes, dos oposicionistas, de juízes e procuradores e da população em geral. Que tampouco se manifesta diante das milhões de crianças que estão esperando para ampliar este exército de analfabetos, e os muitos milhões que frequentarão a escola, mas não serão alfabetizados para os desafios na vida contemporânea. E cairão na penúria, onde arrastarão a sobrevivência, candidatos a Genivaldo de Jesus.
Nos indignamos com as barbaridades de maus policiais e com declarações do presidente, mas aceitamos hipocritamente um sistema escolar que prepara candidatos a camburão e gás, pela pobreza que vem da falta de educação. Indignados, mas elegendo presidente que justifica a barbaridade.
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