O ápice da vitória consagradora dos réus acusados e condenados em dois grandes processos julgados no Supremo Tribunal Federal (STF) é o processo eleitoral em trâmite das eleições gerais deste ano, em que se elegerá o sucessor no poder máximo. A julgar pelo que contam as pesquisas de opinião, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente por dois mandatos e grande inspirador da titular eleita para mais dois, mas que perdeu metade do segundo num processo de impeachment baseado em mágicas fiscais de fazerem Houdini e Paulo Maluf corarem de vergonha por nunca terem chegado a tanto. O segundo candidato à reeleição propriamente dita, Jair Bolsonaro, como o oponente provável no segundo turno previsto pelas pesquisas, escapou de carregar capivara e prontuário na campanha, que promete ter nível abaixo da crítica, mercê do foro privilegiado propiciado pelo mandato presidencial. Assim como os filhos zero-zero-um, o Flávio, e zero-zero-dois, o Carlos. Mas, segundo revelou seu ex-segurança e tesoureiro, hoje deputado federal, Julian Lemos, no Nêumanne entrevista, publicado no sábado, 14 de janeiro, no Blog do Nêumanne no portal do Estadão, está longe de ter ser uma vestal grega.
Certo é que ambos estão cometendo crimes de várias espécies na disputa do pleito presidencial, a serem julgados na Justiça Eleitoral, embora seus doutos membros não pareçam muito dispostos a punir, em campanhas descaradas. Lula, por exemplo, recebeu apoiadores em jantar na semana passada, no qual um grande criminalista paulistano, o célebre Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, repetiu, só que agora de forma mais explícita e em tom mais candente, o lema que bem pode servir de base teórica, não apenas para a disputa atual, mas também para a terceira gestão dele e sexta do partido na república perpétua da corrupção legalizada: “O crime já aconteceu, de que adianta punir? (...) Que não se ache que a punição irá (sic) combater a corrupção”.
O interessante é que essa afirmação coincidiu com outra, feita pelo candidato oposto, Jair Bolsonaro, que acrescentou a suas mentiras proferidas em quantidade astronômica uma que pode ser encontrada em qualquer arquivo analógico: a de que jamais prometeu combater a corrupção. Como se houvesse outra explicação razoável para a escolha do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, para seu governo, agora prestes a ter expelido outro apêndice, o discípulo do tirano chileno Pinochet, que anda por aí enrolando farialimers, para usar termo da moda no noticiário político e econômico da campanha, Paulo Guedes, ex-posto Ipiranga, atual calo do liberalismo fake, no qual o sindicalista do soldo de caserna jamais foi sequer vendedor de feira livre.
O interessante nessas coincidências que fazem do bolsolulismo o produto em voga do mercado eleiçoeiro da república da corrupção perpétua é que a frase aplaudida com entusiasmo no palanque-banquete da prosperidade própria em nome do socialismo dos militontos também tem usufruto a peso de ouro nas motociatas abandonadas do fascismo de botequim da direita estupefaciente, cujo mito/minto nunca passou de um capitão-terrorista. As palavras do jurista favorito dos garantistas do STF, muito ao gosto do lulismo de militantos, cabem muito bem nos votos de solta-solta do general Gilmar, do extinto tucanismo de longo bico e ventre gordo, assegurando, em teoria, a passagem pelo segundo turno da polarização conveniente para a concessão quadrienal de indulgências plenas do reino do venha a nós e o resto que se dane, em cujo trono um se senta e o outro fica esperando a vez e ocupar.
Urge compreender que a corrupção da república perpétua só tem a oferecer fome, miséria e ruínas a quem não é convidado nem para lamber as migalhas do banquete exclusivo das elites dirigentes, do qual são excluídos aqueles que os carcarás perpétuos do “pega, mata e come” renegam desde sempre. E assim não seja mais!
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