Desde sua posse na Presidência, há quase três anos, não se passou um dia em que Bolsonaro não escoiceasse contra algo ou alguém. É como ele se comunica com o mundo —falando através de uma ferradura. Mas será um erro compará-lo aos irracionais em que se inspira. Cada golpe de seus cascos é pensado antes de desferido e programado de modo a que o alvo o receba pelas costas.
Bolsonaro já espezinhou e aviltou, com sucesso, os órgãos de controle da Justiça, da comunidade de informações, da segurança, da diplomacia, do ensino, da economia, do orçamento, da ciência e tecnologia, da estatística, do meio ambiente, do patrimônio histórico, dos direitos humanos, do acesso a armas, de várias estatais e, principalmente, da saúde. Nesta, seus coices são letais: mais de 600 mil mortes pela pandemia até agora e, há dias, uma cavalhada sobre a Anvisa, para infectar quantas crianças puder neste fim de ano.
Bolsonaro não se furta a pisotear o próprio Exército, na figura de generais que inventa e depois chuta pela janela. É da sua natureza, tratar a pontapés até os aliados.
Gosto de dicionários porque eles pensam em tudo. Veja, por exemplo, mais este significado para coice: "Recuo violento de arma de fogo quando detona".
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