terça-feira, 14 de setembro de 2021

Vale gastar o que pode e o que não pode para permanecer no poder

Acostumem-se, e também o ministro Paulo Guedes, da Economia, e outros ao seu redor que insistem em se preocupar com déficit fiscal e teto de gastos, coisas capazes de tirar o presidente Jair Bolsonaro do sério logo no momento em que ele está mais fraco.

Daqui para frente vai ser assim: gaste-se o que for permitido e o que não for para reeleger o ex-capitão ameaçado de aposentar-se antes do tempo. Seria o primeiro presidente da República, desde a introdução da reeleição por aqui, a só governar por quatro anos.

O programa Casa Verde e Amarela, substituto do Minha Casa Minha Vida, não decolou? A entrega de novas casas está abaixo da média dos últimos anos, e até agora zero moradia foi regularizada ou alvo de reformas? E daí? O que isso importa?


Sigam o dinheiro! E ele irá para uma nova linha de financiamento de casas com juros baixos voltada exclusivamente para policiais e bombeiros, base de apoio do presidente, que quer porque quer, só não se sabe para fazer o quê, reeleger-se no ano que vem.

O novo programa, batizado de Habite Seguro, terá R$ 100 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública. Serão contemplados policiais federais, rodoviários federais, agentes penitenciários, peritos, papiloscopistas e guardas municipais, entre outros.

As condições vantajosas, que incluem desconto no valor de contratação do financiamento e no quanto é preciso dar de entrada para o empréstimo, não serão estendidas a outras categorias. O programa foi lançado por Bolsonaro em cerimônia ontem à tarde.

“Entendemos que [o programa] pode, sim, atingir grande parte deste efetivo da segurança, que arrisca a sua vida em defesa da nossa vida e do nosso patrimônio”, disse ele. Poderia ter acrescentado: em defesa também da sua reeleição em 2022.

Em reunião ministerial em abril do ano passado, Guedes não disse que chegara a hora de fazer “o discurso da desigualdade e gastar mais para eleger o presidente”? Aguente o tranco. Haverá mais inflação. E daí? Passada a eleição, será feito um duro ajuste fiscal.

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