É nesse contexto que é publicada nesta quinta-feira, 22, pelo "Estadão" a notícia de que o ministro Braga Netto, no mesmo dia 8, acompanhado dos comandantes militares, mandou um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira. "A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleições.” Lira teria reagido indo ao próprio presidente para dizer que estaria com ele até o fim, mas que não contasse com ele nos planos de ruptura institucional. A informação das jornalistas Andreza Matais e Vera Rosa sacode o país hoje.
É claro que já preparam as notas de desmentido. O ministro Braga Neto, ao entrar agora de manhã no ministério da Defesa, disse: “é mentira, é invenção”, gritou de longe aos repórteres. Era previsível que diria isso. Mas é típico esse método: primeiro ameaçam, depois negam que o fizeram e repetem que estarão dentro das “quatro linhas da Constituição”. Hoje é o dia de falarem das quatro linhas. O problema é que esse grupo acha que está escrito nas quatro linhas que eles são o poder moderador. Não são. Como todas as instituições estão submetidos à Constituição.
Isso tudo é manobra para amedrontar o país e fazer com que as instituições recuem dando espaço para o bolsonarismo dominar inclusive as Forças Armadas. Há muitos que discordam de tudo isso dentro das Forças Armadas, mas quem está no comando foi colocado lá porque concorda com o projeto de Jair Bolsonaro que nunca foi, e jamais será, democrático. O caminho da venezuelização do Brasil fica mais claro a cada dia.
Só não entende os sinais quem desconhece a História do Brasil. Aqui houve duas longas ditaduras no século 20. A de Vargas foi garantida pelos militares, a outra foi feita pelos próprios militares que governaram o país por 21 anos rasgando a Constituição. É um caminho perigoso para as próprias Forças Armadas que deveriam conter os seus radicais que estão hoje dando o tom dos recados ameaçadores para o país. As instituições não podem subestimar os recados, os sinais, as notas, os tuítes, a tentativa de mais uma vez tutelar o poder civil no país.
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