Ele é nosso e ninguém tasca. Em Jair Bolsonaro temos o único governante no mundo que, ao estimular a pandemia e desacreditar a vacina, está mais preocupado com o remédio do que com a doença. Outra de suas inversões da lógica, esta executada pelo boneco inflável que ele escalou para comandar a saúde, foi a de impor um tratamento "preventivo", a cloroquina, numa região, a Amazônia, em que o flagelo já se instalara. As mortes provocadas por essa decisão só poderão ser contabilizadas por alto --mas, mesmo por baixo, deveriam justificar uma prisão perpétua.
Bolsonaro prepara-se agora para nova farsa: promover um spray nasal fabricado em Israel chamado EXO-CD24, ainda em fase experimental, como um elixir mágico contra a Covid. Por enquanto, os israelenses estão testando a droga somente em animais. Talvez por isso, dez homens de Bolsonaro, inclusive o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, viajarão neste sábado para Tel-Aviv, a fim de tomar uma prise.
A comitiva bolsonarista faz bem em aproveitar a oportunidade. Em breve, dificilmente um brasileiro, mesmo em missão oficial, poderá entrar em qualquer país. Neste momento, já estamos barrados em 17 e, com certeza, sendo olhados com repulsa e medo nas ruas de outros tantos. Os líderes mundiais despertaram para o fato de que nos tornamos uma bomba de 213 milhões de habitantes —um laboratório de mutações a céu aberto—, de que seus cidadãos, adeptos da vida, precisam manter o máximo de distância.
As fronteiras fechadas para nós significarão o mesmo para eles, donde ninguém virá tão cedo por aqui —quem vai querer se aventurar num viveiro de vírus?— e não será surpresa se isso incluir o cancelamento de negócios, da troca de manufaturados e da importação de grãos e alimentos. Quem vai querer comer um frango infectado vindo do Brasil?
Sim, Bolsonaro é nosso e ninguém tasca. Nem merece.
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