Os títulos do doutor não ficam em pé. E sua dissertação de mestrado inclui a cópia de generosos trechos de texto escrito por um amigo. Aproveitaram-se até os erros de português. Mesmo conhecendo a verdade, Bolsonaro avaliou que não seria o caso de se libertar da indicação. E os senadores, que têm a atribuição constitucional de aprovar o nome, acorrentam-se gostosamente ao candidato.
Relator do processo de preenchimento da vaga suprema, o senador amazonense Eduardo Braga, do MDB, apresentou seu parecer. Nele, anotou que as inconsistências curriculares do candidato pesariam "muito pouco no exame dos requisitos constitucionais" exigidos para o emprego vitalício de ministro da Suprema Corte.
O senador escreveu: "Mirar abstratamente o curriculum do indicado significa retirar a dimensão humana dos conhecimentos que ele adquiriu, das reflexões que produziu e da prudência que exercitou ao longo de sua trajetória."
Mais do que um simples relator, Eduardo Braga é matéria-prima para o futuro ministro. Corre no Supremo inquérito em que o senador é acusado de receber ilegalmente R$ 6 milhões da JBS. É nesse ambiente que se forma no Senado uma maioria suprapartidária a favor da aprovação do indicado de Bolsonaro. Até anti-bolsonaristas do PT e do PDT se equipam para dizer sim.
Uma empregada doméstica que se candidatasse a uma vaga na casa dos senadores com alguma referência falsa decerto seria refugada. Mas para o emprego de ministro do Supremo, a verdade vale menos do que a conveniência. Bolsonaro conseguiu piorar o Supremo.
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