sábado, 29 de agosto de 2020

O bundão (‘Asinus magnum’)

Hoje vamos estudar o espécime Asinus magnum, conhecido popularmente como “bundão”, que vem tendo crescimento expressivo nos últimos anos no Brasil. 

Os bundões andam em bandos e se alimentam de mentiras, fake news e dinheiro público. São mamíferos roedores, e seu habitat natural é o Brasil, de norte a sul. Não são de natureza pacífica e, ao contrário de outras espécies, não precisam ser ameaçados para atacar e arriscam a vida para proteger seus filhotes. Seu alimento favorito é grana.

Quando em posição de poder, o bundão se mostra prepotente e irritadiço, se sentindo superior aos outros, que ele chama de bundões. Mas, quando acovardado por alguma ameaça real ou paranoica, o bundão amolece e se mistura com a variedade do bunda-mole (Asinus mollis), no caso, um bundão-mole. Outra variedade é a dos bundões-bundinhas, que se caracterizam pela roupa de grife, mocassins e o indispensável cashmere sobre os ombros. Muito encontrado em São Paulo. 


O bundão raiz se vangloria de sua macheza, como se a violência, a estupidez e a boçalidade fossem atributos masculinos, ofende e despreza as mulheres, achando que as usa e abusa, mas, sendo usado por elas, que saem com a bolsa recheada de seus acasalamentos com bundões, às vezes até com empregos públicos.

Contra todas as evidências, o bundão se acha engraçado. Todos conhecem alguém assim. Não há bundão que não se considere engraçado, mas todos os comediantes e humoristas realmente engraçados vivem de debochar dos bundões.

Sim, todo mundo mente, mas o bundão mente mais — e mente mal. Seu estilo é esfarrapado, não convence ninguém, mas ele não liga. Sempre sabe tudo, ouviu falar, tem certeza, mas nunca prova nada, só espera que esqueçam.

O Asinus magnum confunde autoridade com autoritarismo, o público com o privado, o familiar com o estadual, municipal e federal. E acha que somos todos, além de bundões, burros.

O bundão é do seu jeitão, espontâneo, autêntico, indomável, não se adapta à educação e à civilização, mas sobrevive bem em cativeiro.

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