"De Volta para o Futuro 2" é um filme americano de ficção científica de 1989 dirigido por Robert Zemeckis, sendo a continuação do filme de 1985 "De Volta para o Futuro" e a segunda parte da trilogia homônima e estrelada por Michael J. Fox. O filme segue "Marty McFly" (Fox) e seu amigo Dr. Emmett Brown que viajam de 1985 a 2015 para evitar que o filho de Marty estrague o futuro da família McFly. O filme marcou uma geração mundial que cresceu entusiasmada com as viagens no tempo de Marty McFly. Nas próximas linhas convido o leitor a começar a imaginar o que o Marty McFly de 2030 diria para nós no meio do “inferno” de 2020?
Quando olhamos somente para o presente, os dados de opinião pública já traduzem a gravidade da situação. No Brasil, uma pesquisa telefônica, com amostra nacional de 1.555 entrevistas do IDEIA Big Data entre os dias 24 e 25 de março, apontou que aproximadamente 70% dos entrevistados tem medo de serem infectados. O mesmo levantamento mostrou 63% responderam estar muito preocupados e 19% preocupados com a epidemia, somando 81% – em levantamento semelhante concluído na semana anterior, esse índice era de 65% (16 pontos porcentuais a menos em um intervalo de dez dias). A pesquisa também mostra que 50% tem medo de perder o emprego e aproximadamente 69% acreditam que a economia vai piorar. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Washington Post/ABC News apontou também que 69% estão preocupados/muito preocupados com a pandemia. Em resumo, o mundo atual vive em estado de choque pela vida e medo do futuro.
O futuro, ou mundo novo, que Marty Mcfly nos traz de 2030 é diferente. E aqui arrisco algumas tendências que como pesquisador de Universidade George Washington temos nos dedicado a antever. Nesse mundo novo, por exemplo, haverá uma reocupação de espaço mais distribuída. As grandes cidades como Nova York, Madrid, Tóquio, Roma, São Paulo e Xangai vão perder moradores. Muitos questionamentos surgirão sobre o valor de pagar caro por morar em grandes concentrações de pessoas. Vai ficar a sensação: e se acontecer novamente? Com isso novos mapas eleitorais aparecerão e a uma nova dinâmica de poder local ganhará peso.
Em 2030, muitas atividades (estimamos pelos menos 40%) que viraram “home office” durante 2020 continuaram como home office. Isso introduzirá ganhos de produtividade e qualidade de vida pouco mensurados antes da crise. Inclusive na própria gestão pública. Diversos parlamentos e assembleias ao redor do planeta seguiram (em 2020) seu funcionamento on-line com voto e discussões remotas. Estruturas caras e pesadas de cidades como Washington-DC, Brasília, Berlin, Roma, Cidade do México e Nova Delhi foram amplamente questionadas depois da crise. O próprio voto do cidadão passou a ser muito mais remoto que presencial. Estruturas de voto on-line e pelo correio se tornaram comuns.
A discussão sobre saúde pública, desde 2020, ganhou um novo patamar no debate político. A saúde sempre foi prioridade para opinião pública mas equacionar seus problemas e desafios foi constantemente tratado como caro e complexo pelos governantes. O mundo pós Corona se viu obrigado a investir mais e melhor na ciência e na saúde. Aprendeu-se a distinção econômica entre despesa e investimento nesse setor. Diante desse novo contexto, muitos profissionais de saúde pública e ciência (agora tratados como verdadeiros heróis) foram eleitos ao redor do mundo e passaram ao epicentro das decisões políticas.
E essas foram somente algumas mudanças. A humanidade, em 2030, ainda não se recuperou das perdas de milhares de vidas. Todavia, McFly nos diz que a vida em 2030 é mais humana, mais sustentável e mais saudável. Ficará a dúvida, se fosse possível viajar no tempo, se valeria a pena ter mandado alguém do futuro para a feira de Wuhan, na China aonde começou o coronavírus, com a missão de mudar o curso da história. Parece que o presente de 2020 nos levará de volta para o futuro.
Maurício Moura, CEO e fundador do DEIA Big Data
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