Primeiro sinal: o candidato se apresentou como Salvador/Messias, eleito por parcela do eleitorado que acreditou e outra que votou no “menos pior”.
Segundo sinal aconteceu quando o candidato sofreu grave atentado. Sobreviveu: milagre e predestinação.
Terceiro sinal veio de uma atitude de fé respeitável: utilizar o jejum e a oração como remédios para matar um vírus ainda não vencido pela ciência. Trata-se de gesto de solidariedade humana que deve ficar circunscrito à religiosidade individual.
Quarto sinal: o chefe de Estado, o líder tem o dever de, no exercício do poder, pacificar, conciliar e formar consensos, com vistas no futuro do País. Mas não é Profeta. Nem tem o dom da Graça para conduzir o povo à Terra Prometida.
No entanto, o Presidente revelou aos olhos de uma nação perplexa que, ao longo de quinze meses, gastou tempo, energia e confiança ao criar conflitos pessoais, nacionais, institucionais e internacionais. Sem contar com o clima permanente de beligerância contra inimigos diabólicos, imaginários, e agora, invisíveis.
Ressalte-se, ainda, que a narrativa de Mito não se confunde com os personagens simbólicos dos povos e sim, literalmente, com a mentira que se apropria dos seres humanos como enfermidade: a mitomania.
Mito, o poeta Fernando Pessoa define como “o nada que é tudo”.
O quinto sinal vem da Síndrome de Caim que, na narrativa bíblica, mata seu irmão Abel por inveja, levando às últimas consequências a frustração do desejo de ser reconhecido pelos atributos de sua própria vítima.
O destino de Mandetta, o herege, estava selado: arder nas fogueiras inquisitoriais pelas suas reconhecidas virtudes e não pelas suas possíveis falhas. A propósito, a mais grave falha de Mandetta foi conduzir com acertos, sensatez, racionalidade e fraternidade, a tarefa gigantesca de salvar o máximo de vidas, ameaçadas por uma calamidade mundial. Mal sabia o Ministro da Saúde que estaria cometendo um crime imperdoável, aos olhos da presidência: tornou-se admirado pela população. Para isso, não há perdão.
Ministros, o recado está dado. Cuidado com a avaliação das pesquisas de opinião: o teto é a mediocridade turbinada por uma personalidade a merecer devida atenção dos especialistas em patologias comportamentais.
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