Entre eles estão Tony Blair, da Inglaterra, Gro Brundtland, da Noruega, Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, Óscar Arias, da Costa Rica, Felipe González, da Espanha, Ban Ki-moon, da ONU, José Manoel de Barros, de Portugal, entre inúmeros outros. Eles alertam para os riscos que recaem sobre todos os países, especialmente os mais vulneráveis.
Todos os sistemas de saúde, mesmo os mais sofisticados e mais bem financiados, estão se vergando sob a pressão do vírus, dizem os líderes. A carta aberta alerta que, se nada for feito em tempo, em cidades e comunidades frágeis da África, Ásia e América Latina que não têm acesso a estruturas de suprimentos e médicos adequados e onde o distanciamento social não é possível - até mesmo lavar as mãos é difícil - a Covid-19 persistirá e reemergirá para atingir o resto do mundo em novas rodadas da pandemia que prolongará a crise global.
Eles fazem pedidos específicos para determinadas áreas: US$ 8 bilhões para acelerar o esforço global de vacinas, US$ 35 bilhões para apoiar os sistemas de saúde e fabricação de ventiladores e kits de testes e sistemas de proteção para profissionais da área médica. Outros US$ 150 bilhões para os países em desenvolvimento combaterem as crises de saúde e econômica, e para evitar a ressurgência da doença e o aprofundamento da recessão. E a suspensão da dívida externa dos países pobres.
Um ponto importante da carta aberta dos 165 ex-governantes de vários países do mundo e líderes da área econômica é o alerta de que, em vez de cada país disputar a atual capacidade de produção de equipamentos, que se apoie a Organização Mundial de Saúde e ajam de forma coordenada para elevar a oferta desses equipamentos. Segundo eles, quase 30% dos países não têm capacidade nacional de resposta. Isso pode levar a um milhão e duzentas mil mortes na Ásia e África. Propõem também a convocação de uma “conferência global do comprometimento” do G20.
A carta detalha a destinação de parte dos recursos. A OMS precisa urgentemente de US$ 1 bilhão. Outros US$ 3 bilhões serão destinados à pesquisa e ao desenvolvimento de vacinas. Os esforços de P&D estão sendo coordenados pela Coalizão para Inovações para Prontidão em Epidemias. As vacinas, uma vez desenvolvidas, deverão ser distribuídas de forma equitativa para os países mais pobres e isso vai requerer, para compra e distribuição, US$ 7,4 bilhões que devem ser integralmente financiados.
Aqui no Brasil, o governo começou finalmente ontem a entregar algumas ações que vinham sendo anunciadas nos últimos dias. Houve a apresentação do calendário e da logística para o pagamento do auxílio emergencial aos mais necessitados. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, anunciou que os recursos foram transferidos ontem para o BNDES, para que sejam emprestados a pequenas e médias empresas e elas consigam pagar os salários. No Congresso, o deputado Rodrigo Maia lembrou o quanto o mundo mudou. O plano Mansueto, que era para ajustar as contas dos estados, não deve ser votado agora. Os estados perderam já 30% de arrecadação do ICMS. O mais importante, alerta, é que seja votado um projeto que faça os recursos chegarem mais rapidamente na ponta.
A fórmula para tirar do papel o auxílio emergencial foi resultado do esforço conjunto da máquina pública. Poucos meses atrás, a Dataprev foi colocada no programa de privatização. Nas reviravoltas que o mundo tem dado, ontem a Dataprev estava jogando um papel central para resolver o dilema de como levar o dinheiro até os pobres.
Na carta dos líderes globais, o que eles lembram é que o mundo é um só. Caso os países pobres sejam abandonados à sua própria sorte, a doença voltará em novas ondas. O planeta precisa resgatar velhos conceitos.
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