quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Jair Maduro

Jair Bolsonaro foi eleito com um discurso que incluía, em meio a um sentimento antipestista, a necessidade de impedir que o país se transformasse em uma Venezuela. Pouco mais de um ano depois de tomar posse, porém, o presidente anda cada vez mais parecido com o congênere Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, que um dia Bolsonaro chegou a apontar como “uma esperança para a América Latina”.

Um presidente da República convocar e apoiar protestos contra instituições constituídas e a favor de seu governo é exatamente o que faz Maduro desde que assumiu o poder. Assim, enfraqueceu os demais Poderes em seu país, deslegitimou o Legislativo e o Judiciário e aprofundou uma ditadura que persegue adversários políticos e o jornalismo profissional.


É claro que o país está longe de ser uma Venezuela, mas hoje está mais próximo disso do que quando Bolsonaro foi eleito, o que, além de assustador, é absolutamente incoerente com o sentimento de muitos dos que o elegeram.

O triste é que há, entre os que o apoiam, quem defenda esse tipo de pauta por considerar que o Congresso é nocivo ao país. Esquecem, porém, que não é a instituição que é contra o funcionamento da ordem democrática, mas alguns daqueles que estão lá, eleitos assim como Bolsonaro. A solução para a insatisfação com seus representantes é eleição e não golpe de Estado.

Há nas convocações para os protestos do próximo dia 15 pautas absolutamente antidemocráticas. O presidente, ao incentivar o ato, sem qualquer dúvida técnica, comete crime de responsabilidade, passível de impeachment.

Mas não vamos ver a cúpula do Congresso falar em impeachment, disparar de forma mais dura contra o presidente ou vai detonar as pautas governistas em um primeiro momento. A explicação é simples: ninguém quer colocar lenha na fogueira dos protestos. Vão esperar passar o dia 15. Mas podem ter certeza de que o troco virá.

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