As coisas mudaram e, segundo os que entendem dessa festa popular, para melhor. Há até os que afirmam que já é o terceiro do país: Rio, São Paulo e Belo Horizonte. O de Salvador ficou para trás. Ou é só otimismo?
Que a Quarta-Feira de Cinzas tenha servido de reflexão para todos: presidente, vice-presidente, deputados federais, senadores, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. E que cada brasileiro de responsabilidade, seja empresário ou simples cidadão, renove o seu compromisso com a defesa da democracia. Que se afaste de vez qualquer risco de um regime autoritário, independentemente da cor ideológica.
Conscientizemo-nos de que ele não nos levará a lugar algum, só ao desastre humano. Trabalhemos juntos, enfim, para que nosso país conquiste o relevo que merece entre as grandes nações.
Muito do que tem acontecido atualmente no país, envolvendo posições político-ideológicas do presidente Jair Bolsonaro, me leva a pensar num tempo triste. Digo logo que não é nada prazeroso me lembrar desse tempo e do que vivi como jornalista no velho e saudoso “Jornal do Brasil”, durante quase toda a ditadura militar.
Após o fatídico 1968, o sofrimento era quase diário. Apenas um exemplo: recebia, com certa frequência, telefonemas anônimos ameaçadores, cuja origem jamais me foi possível identificar, dirigidos a mim e aos jornalistas que trabalhavam na regional, sobretudo os que cobriam política.
Alguns telefonemas eram verdadeiros. Convocavam-nos – os responsáveis pelos jornais nacionais – para reuniões no antigo CPOR, situado à rua Juiz de Fora. Ameaçavam-nos com a censura (há algo mais odiento numa democracia?) como se fôssemos responsáveis diretos pelo envio das matérias produzidas aqui, mas muitas vezes solicitadas pela sede.
Olhando o dia de hoje, vejo que nos falta grande frente de afirmação democrática, de respeito à liberdade e, claro, ao Congresso Nacional, sem o qual não há democracia.
Li ontem, leitor, realmente perplexo, que o presidente Bolsonaro compartilhou mensagem em vídeo, por WhatsApp, convocando o povo para atos contra o Congresso no dia 15 de março. Essa informação, segundo se noticiou, foi confirmada a “O Globo” pelo ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo do presidente.
Que imprudência, presidente! Não é esse o caminho!
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