É fato: no tempo em que uma atendente do McDonald’s brasileiro serve um cliente, uma americana atende quatro. O mesmo nas caixas de supermercados e check-ins de aeroportos. Na burocracia oficial. Um precioso tempo das nossas vidas, que poderíamos usar para descansar ou nos divertir, mas foi roubado.
Produtividade é o nome do jogo, fazer o melhor uso do tempo para produzir mais e melhor, é a distancia entre o progresso e o atraso.
No Brasil, são os que ganham os maiores salários do serviço público que querem o dobro do tempo de férias que têm os contribuintes que lhes pagam os salários, como defende o procurador-geral da República, chefe de uma instituição que existe para defender a ordem jurídica e os direitos do cidadão. Querem o tempo e o dinheiro.
O chefe diz que os procuradores merecem 60 dias de férias porque seu trabalho é exaustivo, estressante e até desumano. E quantos meses de férias deveria ter um médico da emergência de hospital público? E uma enfermeira? E um motorista de ambulância? Juntos, eles ganham uma fração do salário de um procurador. E deles depende a vida das pessoas.
Como dizia o imortal Stanislaw Ponte Preta, ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos. Se os procuradores têm direito, os juízes e os servidores da Justiça têm, os congressistas, os vereadores, os professores têm, todas as categorias com lobbies fortes têm, todo mundo quer dois meses de férias — uma jabuticaba de que nenhuma categoria profissional desfruta em qualquer país desenvolvido e mais rico do que nós.
E o deboche de chamar de “recesso” o ócio remunerado é como Bolsonaro chamando a censura de “filtro”.
Nelson Motta
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