Não há como continuar no rumo do progresso que mantém pobreza, desigualdade, corrupção, mudanças climáticas, degradação de serviços públicos, violência urbana, desemprego. Não é mais possível seguir destruindo a natureza com seus efeitos catastróficos; nem usar o Estado sem sacrificar a moeda, endividar as gerações futuras e prejudicar os serviços essenciais.
Dificilmente os que vão às ruas se unirão em torno de propostas que permitam enfrentar os desequilíbrios sacrificando benefícios adquiridos graças ao adiamento das medidas necessárias à sustentabilidade. Todos querem um meio ambiente limpo e equilibrado, mas não aceitam pagar o preço de consumir menos.
O Chile equilibrou sua Previdência jogando o custo sobre os aposentados, mas quem está disposto a pagar a conta da sustentabilidade: os jovens ativos, aumentando suas contribuições, os muito ricos, com fortes cortes em suas rendas, consumo e investimento, as classes médias, com sacrifício de gastos em serviços públicos, aceitando a falsa moeda da inflação?
Muitos estão contra a privatização de serviços públicos, mas quantos aceitam pagar o custo dos serviços estatais com sustentabilidade fiscal ou com o desvio de recursos da educação, da saúde, dos salários dos servidores, ou com aumento de impostos? Sobretudo quando se tem a desculpa de saber que esse dinheiro pode terminar nos bolsos de políticos corruptos.
As manifestações no Brasil, em 2013, no Chile, em 2019, e em quase todas as partes foram iniciadas por causa do aumento no preço de tarifas do transporte coletivo ou aumento no preço dos combustíveis. Todos são unânimes contra os reajustes. Mas quem aceita pagar o custo do subsídio necessário aos que usam o transporte, garantindo sustentabilidade necessária às finanças públicas e à continuação dos programas de subsídios?
O descontentamento é geral porque o modelo insustentável se esgotou e ninguém quer pagar o sacrifício necessário para lhe dar sustentabilidade. Além disso, e a internet facilita as mobilizações, ninguém confia nos políticos e não há filósofos com imaginação para propor um novo paradigma social, nem estadistas capazes de convencer o povo a pagar o custo para construir um futuro sustentável.
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