A campanha do governo fala de mudanças legislativas para melhorar ações futuras. O problema é que a recente decisão do Supremo de reconstituir o passado de sentenças já julgadas transforma a campanha oficial num novo exemplo de dinheiro público jogado pela janela. E faz de Sergio Moro um orador de conversa mole.
Os planos que o ministro pretendia aprovar no Congresso em seis meses tornam-se ainda mais oníricos quando se recorda que o seu chefe é um presidente da República cujo filho, Flávio Bolsonaro, foi superblindado por duas liminares do Supremo, uma do ministro Dias Toffoli, outra de Gilmar Mendes. Liminares que suspenderam processo em que o primeiro-filho era investigado por suspeita de peculato e lavagem de dinheiro.
Num cenário assim, o presidente tende a se aliar ao bloco de culpados e cúmplices do Congresso que esvazia o pacote de Moro e trama para desligar investigações da tomada. Para retirar o seu projeto do limbo, Moro teria de dialogar no Congresso com gente que merece interrogatório, não diálogo. Isso num momento em que a atuação do próprio ministro como ex-juiz da Lava Jato está sob questionamento. Num ambiente assim, é impossível ser otimista em relação ao futuro do combate à corrupção no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário