A campanha tem lances de propaganda enganosa. Um dos anúncios trata da prisão em segunda instância, que os deputados já retiraram do texto original. Quem assistir aos comerciais ficará com a impressão de que a proposta está prestes a ser aprovada.
O pacote tem sido criticado por proteger policiais que cometem excessos “sob escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Ontem o ministro Sergio Moro insistiu que isso não significa uma licença para matar. Faltou combinar com o presidente Jair Bolsonaro, que voltou a defender PMs acusados de execuções.
“Muitas vezes, a gente vê um policial militar que é mais conhecido ser alçado para uma função e vem a imprensa dizer: ‘Ele tem 20 autos de resistência’. Tinha que ter 50! É sinal de que ele trabalha”, disse. O presidente contou que batia ponto na cadeia de Benfica para visitar PMs presos. Ele acrescentou que muitos seriam vítimas de “ativismo” da Justiça e do Ministério Público. “Um absurdo isso daí!”, esbravejou.
Desde a campanha, Bolsonaro repete que o policial que mata “tem que ser condecorado e não processado”. Ontem a Polícia Civil prendeu quatro pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, acusado de executar a vereadora Marielle Franco. De acordo com as investigações, o grupo jogou a arma do crime no mar.
A suspeita de ocultação de provas também ronda a morte da menina Ágatha Félix, de oito anos. A PM alega que ela morreu durante tiroteio, versão contestada pela família. Dos onze policiais chamados para a reconstituição do crime, só dois apareceram. O caso mobilizou o país, mas Bolsonaro se recusa a comentá-lo.
Ontem a PM prometeu apurar o relato, publicado pela revista “Veja”, de que agentes teriam ido ao hospital para pegar a bala que matou a menina. Em Brasília, Moro foi questionado sobre o silêncio do presidente. “A pergunta não é apropriada”, desconversou.
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