Responsável pela febre que retarda a saída da crise, Bolsonaro implicou com o termômetro. Insinuou que os editores de Folha, Estadão e Globo formaram um conciliábulo para injetar pessimismo nas machetes: "Tudo combinado", disse o presidente aos repórteres, na saída do Alvorada. "O editor tem de aprender. Pelo menos não combina, pega mal. Não tem o que falar, não tem o que criticar. É obrigado a criticar. Então, tem o 'mas'".
Perguntou-se a Bolsonaro se ele considera que o pulinho de 0,4% registrado pelo IBGE no segundo trimestre é um crescimento acelerado. O capitão deu o braço a torcer: "Não é rápido. É lógico que é lento, a economia é igual a um transatlântico. Até na nossa casa, quando o pessoal está endividado aí, é devagar. É complicado recuperar".
O que espanta é a capacidade de Bolsonaro de criar do nada as crises que tornam mais lento o que já caminha devagar. A visão turva impede o presidente de enxergar o óbvio: a imprensa não é sócia da fábrica de crises do Planalto. Apenas leva às gôndolas a mercadoria que o governo fornece. Se, de repente, por milagre, o Planalto começar a produzir serenidade, as manchetes mudarão de assunto instantaneamente. Sem a necessidade de combinações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário